terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Dona de casa nega sexo na praia no RJ e diz que mudará filhos de escola


Segundo Wanderlea dos Santos, diretora disse que ela 'merecia uma surra'.
'Eu não pratiquei sexo', afirma; vídeo circula na web desde quinta-feira (21).

A dona de casa Wanderlea dos Santos, de 41 anos, protagonista de um vídeo que circula desde quinta-feira (21) na internet (assista no YouTube) em que aparece se agarrando com um homem dentro do mar de Rio das Ostras, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, disse que não fez sexo dentro da água. A mulher, no entanto, viu sua vida se transformar depois da divulação das imagens. Mãe de dois filhos, ela disse que terá que trocar os gêmeos de 9 anos da escola porque até a diretora está contra ela.
"A própria diretora disse que eu merecia uma surra. Quem levou eles para a escola foi minha irmã porque eu não estou saindo na rua", contou, em entrevista ao G1, na casa onde mora há 41 anos no Vale do Ipê, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
"Estão dizendo que eu pratiquei sexo. Eu não pratiquei. Eu não sou esta pessoa que estão falando", disse a mulher, que foi levada, ao lado do homem que aparece no vídeo, identificado como Leonardo, de 27 anos, para a delegacia. Ela e o auxiliar de serviços gerais se conheceram horas antes de entrarem no mar.
Os dois foram autuados por atentado ao pudor e agora Wanderlea busca alguém que possa defendê-la no caso. "Tudo que eu queria agora era me defender. Não tenho dinheiro para pagar um advogado e a Defensoria Publica é difícil", afirmou. "Eu me arrependo amargamente. Se eu pudesse voltar atrás, nem lá eu teria ido. Um dia antes eu disse que não queria ir para essa viagem. Deus sempre me avisa quando uma coisa vai acontecer comigo."
'Humilhação'
A dona de casa disse ainda que os filhos estão estranhando o movimento na residência e ficam com medo de ela aparecer novamente nos jornais. Contou também que, desde a divulgação do vídeo, emagreceu 3 kg porque não tem vontade de comer e só consegue dormir sob efeito de remédios. "Quer saber? É muita humilhação. Muita humilhação. Não estou podendo sair mais na rua, já não como, não estou dormindo."
A vida de Wanderlea se transformou depois do vídeo de Rio das Ostras (Foto: Cristina Indio do Brasil/ G1)Vida de Wanderlea se transformou depois do vídeo de Rio das Ostras (Foto: Cristina Indio do Brasil/ G1)
O maior desejo dela, agora, é que terminem os comentários que têm sido divulgados na internet. "Me chamam de vagabunda. Usam palavrões. É muito pesado. Para quem está de fora, é facil. Para quem está passando, é muito difícil. Estou sendo julgada e condenada por um ato que tem os movimentos na água. Não vou dizer que foi uma carícia, mas praticar sexo, não pratiquei", explicou.
A madrasta de Wanderlea, Marilia, de 57 anos, disse que também sofre com a situação. "Estou passando mal. Ela é como se fosse minha filha. Amo essas crianças. Tenho depressão e piorei com isso", disse. "Ela errou? Errou. Mas quem neste mundo nunca errou? Quem está sofrendo são as crianças", afirmou, chorando, e contando que o pai, Antônio, e a irmã, Maria do Socorro, também tiveram problemas de pressão devido ao episódio.
Vizinhança dividida
O caso divide a vizinhança. Enquanto na rua sem calçamento em que vive, segundo ela e madastra, alguns moradores condenam, em outras ruas próximas comerciantes disseram aoG1 que não se pode crucificar Wanderlea. "Ela não é a primeira e nem vai ser a última. São momentos de fraqueza. As pessoas que estão crucificando têm que entender que existe a família. Não devemos virar as costas para ela", disse uma comerciante que preferiu não se identificar.
Wanderlea afirmou que, embora a vida no Vale do Ipê esteja difícil, não pensa em se mudar. "Não adianta eu fugir daqui. Está tudo publicado na internet."
Fonte: G1
Edição: Antonio Luis

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Os homens que vão investigar Lula


Quem são os procuradores federais responsáveis 

pela apuração das acusações de Marcos Valério 

contra o ex-presidente


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DUPLA AFIADA
Integrantes do Ministério Público em Minas Gerais, Adailton Nascimento (à dir.) e
José Adércio Sampaio (à esq.) se juntarão a Leonardo Augusto Melo na investigação contra Lula
Desde a quinta-feira 14, o procurador Leonardo Augusto Santos Melo, 36 anos, encontra-se no centro de um furacão político. Caberá a ele, escolhido por sorteio, a tarefa de examinar as seis peças de acusação reunidas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem prazo definido para desincumbir-se do trabalho, Santos Melo, que está há nove anos no Ministério Público Federal de Minas Gerais, terá a palavra inicial sobre o caso. Pode pedir o indiciamento do presidente pelo crime de tráfico de influência, como admite a documentação de Gurgel. Ou escolher outro caminho, mandando arquivar o processo. Caso decida encerrar o caso, a decisão não será definitiva, pois há a possibilidade de outro procurador pedir que o processo seja reaberto e examinado mais uma vez.
Ainda que o estatuto do Ministério Público garanta autonomia plena a cada procurador, que não obedece a nenhuma hierarquia em seu trabalho, Santos Melo não estará sozinho em sua tarefa. Ele será acompanhado pelo Núcleo do Patrimônio Público e Social do Ministério Público Federal de Minas, composto por quatro procuradores. Um deles é Adailton Ramos do Nascimento, procurador-geral do Estado, que tem poderes para discutir os rumos da investigação e mesmo indicar procuradores para auxiliar no trabalho. Definido pelo deputado Mauro Pestana (PSDB-MG) como um “homem ponderado,” Ramos do Nascimento já foi acusado de engavetar uma investigação sobre tráfico de órgãos, numa iniciativa que terminou por proteger um deputado tucano.
Outro personagem que em breve estará por perto da instituição que vai investigar Lula é o procurador José Adércio Leite Sampaio. Discípulo de Antônio Fernando Souza, autor da denúncia inicial do mensalão, em 2007, Sampaio tornou-se um homem de confiança de Roberto Gurgel. Bem relacionado na política de Minas, sua terra natal, ele recebeu do governador Antonio Anastasia a medalha da Inconfidência, a mais alta condecoração do governo do Estado. Com tanto poder de influência, Sampaio é o nome mais temido pelo círculo de advogados e juristas próximos de Lula e do PT, que enxergam nesta investigação um esforço dos adversários para manter o ex-presidente nas cordas pelos próximos anos.
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Formuladas pelo publicitário Marcos Valério, principal operador do mensalão, as denúncias contra o ex-presidente Lula são variadas. O tesoureiro disse, em depoimento oficial, que em 2003 entregou R$ 98 mil a um segurança de Lula, Freud Godoy, para auxiliar no pagamento de despesas da família presidencial. Também afirmou que na mesma época fez uma reunião de três minutos com Lula, no Planalto, onde o presidente deu “OK” aos empréstimos bancários destinados ao PT. “Não posso responder a uma mentira”, reagiu Lula, ao tomar conhecimento das denúncias.
A intimidade de Marcos Valério com o esquema financeiro teoricamente lhe dá condições para dizer o que disse. Por isso, a investigação é necessária – é do interesse público que tudo reste esclarecido. Mas, de outro lado, as circunstâncias são complicadas. Em sete anos de processo, Valério sempre fez silêncio sobre qualquer envolvimento de Lula. Mudou de postura quando já não tinha como se defender num tribunal onde foi condenado a 40 anos de reclusão, sem falar no que pode lhe acontecer no mensalão mineiro. Nesta situação, a delação premiada é a última esperança para Valério livrar-se da cadeia. Caso seja aceito num programa de proteção a testemunhas, contará com proteção do Estado. Ganhará nova identidade e passará a residir anonimamente em local desconhecido. Esse benefício tão grande obriga considerar os dois lados da moeda: tanto a possível veracidade dos fatos que Valério descreve, como o eventual interesse dele em incriminar Lula de qualquer maneira.
A investigação sobre o mais popular político brasileiro ocorre num momento particularmente delicado. O calendário político marca uma nova campanha presidencial, no ano que vem. Em 2013, Roberto Gurgel estará empenhado, ao longo do primeiro semestre, em fazer o sucessor num processo que começa pela indicação de três nomes numa lista tríplice. Embora a influência de Gurgel entre a maioria dos procuradores federais seja reconhecida até pelos adversários, a palavra final pertence à presidenta Dilma Rousseff. Cabe a ela, por lei, indicar o nome do procurador-geral a ser sabatinado pelo Senado. A presidenta pode escolher o mais votado, prática que Lula instituiu e a própria Dilma repetiu ao indicar Gurgel em 2009. Mas ela pode agir como o governador Geraldo Alckmin, que preferiu o segundo colocado em São Paulo. Ou mesmo pinçar um nome que lhe pareça mais indicado, sem ligar para a escolha dos procuradores, como fez FHC com Geraldo Brindeiro, o procurador que entrou para a história como o engavetador da República.
Montagem sobre foto de Marcos Michelin/EM/D.A Press e Alan Marques/Folhapress
Fonte: Revista ISTOÉ On Line
Edição: Antonio Luis

Ele está candidato


Eduardo Campos tem se comportado como aspirante 

ao Planalto. Criou até um núcleo para costurar os 

palanques regionais. Ao mesmo tempo, não confirma 

a candidatura. À ISTOÉ, o governador de Pernambuco 

diz que a decisão será anunciada até janeiro de 2014


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Nas últimas semanas ganharam substância as conversações sobre a inevitável candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência. Os clamores pelo nome do socialista têm origem dentro do próprio PSB, de grande parte do empresariado e até de alguns setores do PT, incomodados com o tamanho do espaço ocupado pelo PMDB no Legislativo e Executivo. Ciente do papel que é chamado a desempenhar no novo cenário político do País, Campos pela primeira vez quebra o silêncio sobre suas verdadeiras ambições. À ISTOÉ, ele disse que seu prazo para decidir sobre concorrer ou não à sucessão da presidenta Dilma Rousseff é janeiro de 2014. A decisão vai depender do que acontecer este ano. “Existirá candidatura se houver espaço político”, garante Campos. A cautela é óbvia. Não há motivos, por enquanto, para um rompimento com o governo. Muito pelo contrário. Para o presidente do PSB, é preciso ajudar Dilma a “ganhar 2013”. “Este ano é estratégico para tudo o que o Brasil acumulou nas últimas duas décadas, em termos de democracia, estabilidade econômica e social”, afirma o governador. “A disputa eleitoral é legítima, mas tem ho­ra para acontecer”. Em contrapartida, não interessa politicamentea Campos descartar a candidatura. O jogo duplo é conveniente. Afinal, se até janeiro de 2014 houver mesmo espaço, conforme disse à ISTOÉ, ele precisa ter musculatura política e apoios suficientes para entrar na disputa em condições de ganhar.
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Obedecendo a essa lógica, todos os passos de Campos pelos próximos dez meses estão sendo pensados e repensados, milimetricamente. Em encontros com aliados e empresários, ele age como se fosse candidato, mas jamais se anuncia como tal. Foi o que ocorreu em reunião em dezembro do ano passado, em Brasília, na sede do PSB. “Entendemos que ele é candidato”, disse um dos participantes do encontro. Para cuidar da montagem de palanques regionais até uma espécie de estado-maior da candidatura foi criado dentro da sigla. Integram esse núcleo o senador Rodrigo Rollemberg, o vice-presidente do partido, o ex-ministro Roberto Amaral, assim como os deputados Márcio França (SP), Beto Albuquerque (RS), o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, e o chefe de gabinete de Pernambuco, Renato Thièbaut. Foi Beto, aliás, quem aqueceu o debate sobre a candidatura de Campos. Na visão dele e de outros socialistas, a disputa de 2014 depende apenas da conjunção de três fatores. “Se a economia ficar estagnada, o PSDB não se firmar e a Marina Silva lançar candidatura, abre-se uma avenida enorme para o Eduardo”, diz um cacique socialista. Empresas de comunicação também foram contratadas para projetar nacionalmente a imagem do político pernambucano. Nos próximos dias, serão realizadas as primeiras sondagens de popularidade fora do Nordeste. Nos bastidores, o partido vem desenhando uma agenda nacional com participação de Eduardo Campos em fóruns e eventos para discutir os rumos da economia. Em suma, se o governador pernambucano ainda não é candidato, ele está candidato.
Mantendo a linha do jogo duplo, Campos diz que é preciso atender as bases, mas não pode deixar que “a torcida comande o time”. “A comissão técnica tem que saber fazer a mediação e colocar cada coisa em seu devido lugar.” No capítulo “colocando fim aos boatos”, Campos garante que não marcou nenhuma conversa com o ex-presidente Lula para tratar de eleições. Eles se falaram pela última vez por telefone no Natal. Emissários do ex-presidente comentaram com ele sobre a intenção de Lula marcar um encontro, nada além disso. O governador de Pernambuco tampouco conversou com Dilma sobre candidatura. “Ela foi muito elegante. Falou da necessidade de cuidarmos da relação do PSB com o governo e o PT. Disse que encara a política com muita naturalidade e não deixará nada arranhar nossa amizade”, afirma. “Precisamos ganhar 2013 e ver o que acontece depois.” Questionado sobre algum atrito que possa ter tido com Dilma, Campos silencia. Mas é fato que, após a eleição de 2012, uma ala do PT liderada por Zé Dirceu tentou convencer a presidenta a buscar um diálogo alternativo com o PSB. Ou seja, que excluísse o presidente da sigla. Obviamente, não deu certo.
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OS ARTICULADORES
O senador Rodrigo Rollemberg (à esq.) e o deputado Beto Albuquerque
integram o núcleo da pré-campanha de Eduardo Campos ao Palácio do Planalto
O que assusta alguns petistas é a capacidade de articulação de Eduardo Campos, que dialoga com toda a base aliada do governo, mas também com a oposição. Recentemente, foi recebido pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de quem é amigo. Conversa frequentemente com Sérgio Guerra, presidente do PSDB, que lhe passa as impressões sobre os rumos da oposição. Da mesma maneira tem a simpatia do DEM de Agripino Maia e do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. Ao mesmo tempo, atrai para si o PDT de Carlos Lupi e está de olho no PR e no PTB. Essa habilidade, associada aos bons resultados de sua gestão na economia de Pernambuco, atrai a curiosidade de empresários. Campos tem recebido visitas frequentes de empreiteiros e banqueiros, inclusive “amigos de Lula e do PT”. Todos o questionam sobre suas pretensões políticas e alguns, mais animados, pedem que ele se lance candidato. Estrategicamente, o governador desconversa.
Fonte: Revista ISTOÉ On Line
Edição: Antonio Luis

O filho que assombra Nascimento


Briga empresarial envolvendo a família de 

Alfredo Nascimento complica a vida do

 ex-ministro e ameaça a reaproximação do

 PR com o governo

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ENROLADO
Gustavo Pereira (no destaque), herdeiro do ex-ministro, é acusado
de forjar prestação de contas de empreiteira da qual era sócio
O senador e presidente do PR, Alfredo Nascimento, tem trabalhado intensamente nos últimos dias para recuperar o espaço de seu partido no governo. A legenda está sem cargos no primeiro escalão desde que o próprio Nascimento foi demitido por Dilma Rousseff, em julho de 2011, do Ministério dos Transportes, na esteira de acusações de irregularidades na pasta. Mas justamente um dos pivôs de sua queda pode atrapalhar mais uma vez os planos de Nascimento. Trata-se de seu filho, Gustavo Pereira. Investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de enriquecimento ilícito, após denúncia de ISTOÉ em 2009, Pereira agora é alvo de uma nova ação. O jovem publicitário – ao lado do advogado Adalberto Martins, amigo do ex-ministro – é acusado de forjar a prestação de contas da empreiteira Forma Construção, da qual era sócio. Essa empresa se notabilizou, na época dos escândalos do Ministério dos Transportes, por ter crescido 86.500% em apenas dois anos.
Após a publicação da reportagem de ISTOÉ, Pereira e Martins venderam suas cotas na empresa ao terceiro sócio, o empresário Silvio Queiroz Pedrosa. Desconfiado da saúde financeira da empreiteira, Pedrosa encomendou uma auditoria que acabou encontrando provas de sonegação fiscal e tributária, além de fortes indícios de fraude contábil. Nos autos do processo, Pedrosa acusa a dupla de ex-sócios de maquiar a contabilidade para encobrir uma dívida de R$ 2 milhões em impostos, como PIS, Cofins e Imposto de Renda. Mas o que chamou a atenção foi uma série de operações suspeitas que teriam deixado um rombo superior a R$ 18,5 milhões.
A auditoria identificou a venda de imóveis da Forma Construção a parentes e amigos de Nascimento com preço inferior ao praticado no mercado pela própria empresa. Além das condições vantajosas, o dinheiro que deveria ser pago por essas transações não passou pelas contas da empresa e nem sequer foi contabilizado. O próprio Alfredo Nascimento comprou duas salas comerciais no edifício Atlantic Tower, construído pela Forma, por R$ 180 mil. Pagou R$ 90 mil à vista e o restante ninguém viu. Na petição, Pedrosa diz que o valor de mercado dos imóveis “seria superior a R$ 300 mil”.
O advogado de Gustavo, Emiliano Aguiar, rejeita as acusações. Para ele, Pedrosa age de “má-fé”. “Ele não pagou pelas cotas do Pereira e perdeu na Justiça. Está dando o troco”, diz. Ele alega ainda que seu cliente cuidava do mar­­keting e participava pouco da gestão contábil, sob responsabilidade de Martins. Mas usa o mesmo raciocínio para acusar Pedrosa. “Como sócio, ele sabia de todos os atos praticados. Seus poderes de administração eram iguais”, afirma.
A reportagem não conseguiu localizar Martins nem seu advogado para comentar o caso. Alfredo Nascimento também não retornou contato. O presidente do PR espera, segundo palavras dele, que o “governo reconheça a importância do partido que preside na coalizão”. Mas não será se esquivando de elucidar novos episódios suspeitos envolvendo seu nome que o ex-ministro, demitido há menos de dois anos por envolvimento com irregularidades, terá autoridade moral para recuperar seu naco de poder no consórcio governista. Da maneira como age, a chance de velhos fantasmas voltarem a assombrar o governo são imensas.
Fotos: Sérgio Lima/Folhapress e JOSE SOARES/FREELANCER 
Fonte: Revista ISTOÉ On Line
Edição: Antonio Luis

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A ponte de R$ 7 bilhões


Há muitas dúvidas sobre a necessidade da obra 

que ligará Salvador a Itaparica. A certeza é que o 

valor pago pelo governo da Bahia está 

superdimensionado

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73% A MAIS
Ponte estava orçada inicialmente em R$ 2 bilhões.
Na semana passada, começou a ganhar contornos de realidade na Bahia uma obra grandiosa, mas de custo-benefício muito duvidoso. Trata-se da construção da ponte ligando Salvador à ilha de Itaparica por cima da Baía de Todos os Santos. Com 11,7 km, a obra, quando concluída, só perderá em extensão para a ponte Rio-Niterói, que tem 13,3 km e é a maior já construída no País, aclamada como empreendimento-modelo da engenharia de seu tempo, a década de 1970. Os vultosos valores envolvidos diante da incerteza sobre a necessidade do empreendimento, contudo, dividem os baianos e são alvo de críticas da oposição no Estado. Inicialmente orçada em R$ 2 bilhões, a ponte já tem uma estimativa de orçamento final de R$ 7,4 bilhões. Ou seja, foi majorada em 73% e, com isso, passou a ser considerada uma das mais caras do mundo. Só para o projeto da obra foram gastos R$ 40 milhões, num contrato sem licitação celebrado entre o governo da Bahia e a consultoria internacional Mckinsey & Company. No ano de sua inauguração, por exemplo, a Rio-Niterói havia custado R$ 5 bilhões em valores atualizados, o equivalente a 66% do orçamento da ponte Salvador-Itaparica.
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Projeto foi anunciado pelo governador Jaques Wagner
Parte dessa diferença se explica pelos avanços tecnológicos, que transformam as pontes do início do século XXI em monumentos tecnológicos, ao contrário das obras do século passado, que não passavam de estradas sobre águas. A experiência internacional, contudo, demonstra que é possível gastar menos. Na China, a monumental obra de 41,5 quilômetros de extensão sobre a baía de Jiaodhou, terminada em 2011, custou o equivalente a R$ 3,5 bilhões. Enquanto o governo do Estado alardeia que os 50 mil moradores de Itaparica, que hoje fazem a travessia para Salvador de ferry boat, terão uma opção mais segura e confortável para viajar, o escritor João Ubaldo Ribeiro, que mora lá, condena o projeto. “Esse progresso é na verdade uma face de nosso atraso. Atraso que transmutará Itaparica num ponto de autopista, entre resorts, campos de golfe e condomínios de veranistas, uma patética Miami de pobre”, disse.
O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia Antônio Heliodório Sampaio teme que, a curto prazo, a ponte possa criar mais confusões do que soluções. “A ilha tem problemas de infraestrutura. Falta até água no verão”, critica o urbanista.
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O governo baiano já iniciou o processo de desapropriação, decretando a utilidade pública de mais de 4,8 mil hectares de terras da ilha. Na expectativa da formação de um “banco de terrenos” valorizados após a construção da ponte, o mercado imobiliário apoia o projeto. O secretário de Planejamento do Estado, Sérgio Gabrielli justifica o investimento com argumentos socioeconômicos. Afirma que a Salvador-Itaparica pode levar, para a população baiana, uma evolução semelhante à que a Rio-Niterói trouxe para os fluminenses. Na visão de Gabrielli, com a ponte o Estado ganhará novas vias de interligação, favorecendo o escoamento de portos, atraindo novos investimentos e reduzindo em 130 quilômetros a distância entre Salvador e os Estados do Sudeste. Podem ser argumentos reais, mas nada justifica um preço tão elevado.
Fonte: Revista ISTOÉ On Line
Edição: Antonio Luis

O troco de Renan


Denunciado ao STF às vésperas da eleição para a 

presidência do Senado, Renan Calheiros prepara 

o revide contra o procurador-geral da República, 

Roberto Gurgel. Ele pretende contrariá-lo no 

Congresso e questionar sua conduta


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A VINGANÇA
Renan orientou seus aliados a fazerem de tudo para 
constranger o procurador da República, Roberto Gurgel
Nos últimos dias, o comportamento sereno, em público, escondeu um contrastante estado de ânimo de Renan Calheiros (PMDB-AL). Recém-eleito presidente do Senado, o parlamentar alagoano remoeu por dentro um sentimento de vingança absorvido dos ensinamentos de Maquiavel, em “O Príncipe”: para se manter, o político deve aprender a ser mau e valer-se disso de acordo com sua necessidade, ensinava o pensador florentino. O alvo da ira de Renan é o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Às vésperas de sua inevitável eleição, Gurgel divulgou representação encaminhada ao STF em que o denunciou por apresentar notas frias como justificativa de patrimônio. A denúncia aumentou ainda mais a indignacão nacional com a recondução ao comando do Senado de um político afeito a práticas dignas dos tempos do coronelismo. Mas a acusação também atiçou ainda mais a fúria de Renan. Agora, fortalecido internamente por ter alcançado uma vitória mais ampla do que se previa, Renan prepara o revide. Em conversas reservadas, ele espalhou que Gurgel atua com propósitos políticos. Na última semana, o presidente do Senado mobilizou aliados para votarem contra as matérias de interesse do procurador da República na Casa. Num outro passo mais ousado, Renan passou a trabalhar nos bastidores para tentar transformar Gurgel de acusador a acusado. 

A primeira medida em retaliação a Gurgel será apressar a recondução do professor Luis Moreira ao Conselho Nacional do Ministério Público. Ele é adversário político de Gurgel, a quem acusa de não submeter o MP aos mesmos critérios de transparência que cobra do Legislativo e do Executivo. A indicação de Moreira vinha sendo protelada por um acordo de cavalheiros no Senado. Não se mexia com as denúncias contra parlamentares, inclusive Renan, e, em troca, mantinha-se o adversário de Gurgel longe no Conselho. O ataque pré-eleitoral quebrou esse acordo – e não só.  
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Aliado de Renan desde 1989, quando os dois programaram a campanha presidencial enquanto jantavam um pato laqueado em Pequim, o senador Fernando Collor (PTB-AL) partiu na semana passada para uma nova ofensiva direta contra Gurgel. Em 2012, Collor  tinha ido à tribuna do Senado para acusar o procurador-geral de “ chantagista” e “ prevaricador”. A nova denúncia de Collor, em parceria com Renan – uma dupla cujos métodos políticos remetem ao cangaço – envolve a aquisição pela Procuradoria de 1.226 tablets por R$ 3,9 milhões, numa licitação aberta às 12h30 de 31 de dezembro de 2012. Embora a compra tenha sido realizada por pregão eletrônico, um aspecto básico chama a atenção – o preço. 

A procuradoria-geral pagou R$ 2.398 pelo tablet, enquanto outras empresas concorrentes ofereciam o preço de R$ 1.996. Em grandes lojas da capital federal, é possível encontrar equipamentos que atendem às mesmas especificações do edital, pelo preço de R$ 2.231. Pregões recentes, na Universidade Federal de Goiás e da Funart, para compra de tablets com a mesma configuração registraram preço de R$ 2.049 e R$ 2.069. Outro aspecto é que a empresa vitoriosa, a Versátil Informática, de Brasília, terminou a licitação em sexto lugar. Acabou vencedora porque as cinco empresas que estavam à sua frente foram desclassificadas. Em seu recurso contra a licitação, a “Criar Êxitos,” do Mato Grosso do Sul,  que terminou em primeiro e perdeu o negócio, acusou por escrito: “Parece que o pregoeiro e a empresa vencedora estão mancomunados”.
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Procurado por ISTOÉ, Gurgel ofereceu, através de uma assessora, suas explicações para o caso.  Afirmou que “durante o processo licitatório não foi registrado qualquer pedido de esclarecimento e impugnação. O certame teve ampla competitividade, contando com mais de vinte participantes.” Citando uma auditoria sobre a licitação, Gurgel informou que ela concluiu que havia ocorrido “observância dos princípios recomendados pelo Tribunal de Contas da União e os constantes da Lei 8666/93”. A auditoria foi realizada pelo próprio Ministério Público, que tem Gurgel como procurador-geral há quatro anos, com mandato até julho, sem direito a uma nova reeleição. Consultado sobre as acusações de “chantagista” e “prevaricador”, Gurgel mandou dizer que não iria comentá-las, por considerar que “são críticas genéricas.” 

Entre aliados de Collor, a versão é menos trivial. Carrega a malícia e o veneno típicos do político alagoano notabilizado pelo estilo “bateu, levou”, adotado ao longo de sua trajetória política. Eles acusam Gurgel ter feito uma troca de favores com o ex-senador Demóstenes Torres para ser reconduzido a um segundo mandato no Ministério Público, em agosto de 2011. A versão é que, naquele momento, em posição frágil entre vários integrantes da Comissão de Constituição e Justiça, ele pediu apoio político a vários senadores, entre os quais Demóstenes, ex-presidente da própria CCJ e então personagem influente no Senado. Em troca desse apoio, insinuam auxiliares de Collor, ele arquivou os dados da Operação Vega, que envolviam Demóstenes com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Procurado, Demóstenes não quis se pronunciar. “Ele fez chantagem a um senador da Republica”, diz Collor. O futuro das acusações contra Gurgel é obscuro e parece pouco provável que, com base apenas nas denúncias já conhecidas, a Mesa Diretora da Casa, que tem a responsabilidade de aceitar uma investigação dessa natureza, aceite alguma acusação contra ele. No entanto, os aliados de Renan recordam que, conforme o artigo 52 da Constituição, cabe privativamente ao Senado processar e julgar crimes de responsabilidade do procurador-geral da República. Como se vê, Renan e sua turma não parecem estar de brincadeira quando ameaçam retaliar o chefe do Ministério Público. 
CONFRONTO À VISTA 
Conforme o artigo 52 da Constituição, cabe ao Senado processar e 
julgar crimes de responsabilidade do procurador-geral da República

Escolhido em circunstâncias semelhantes às de Renan para presidir a Câmara de Deputados, o deputado Henrique Alves (PMDB-RN) herdou uma questão igualmente beligerante e espinhosa: a perda de mandato dos quatro deputados condenados pelo mensalão. O Supremo considerou que tinha o direito de definir a cassação dos deputados, apesar das determinações do artigo 55 da Constituição, que reserva ao Congresso a  palavra final sobre perda de mandato. Henrique Alves, em campanha, comprometeu-se em defender as prerrogativas da Câmara. “É imprescindível a última palavra do Legislativo,” disse em entrevista à ISTOÉ (6/2/2013). Após a vitória, Henrique Alves encontrou-se com Joaquim Barbosa, presidente do STF. Embora tenha dito que a conversa não tratou do assunto, na saída, disse que “não há hipótese” de a Câmara contrariar a decisão do Supremo. Ficou uma ambiguidade. Uma parte do debate envolve a condenação pelo Supremo, as penas de prisão e as multas. Não há hipótese de o Congresso modificar isso. Outra parte envolve a perda do mandato, resolvida pelo STF, cabendo ao Congresso apenas referendar – burocraticamente – a decisão.
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Antes de chegar à Câmara, a sentença do mensalão precisa completar seu percurso no STF. Cada condenado irá apresentar  recursos e embargos, que permitem a revisão de decisões tomadas com pelo menos quatro votos em contrário. Uma dessas decisões envolve, justamente, o ritual de perda de mandatos, definida pelo apertado placar de 5 a 4. Os deputados condenados vão recorrer, pedindo ao STF que se faça uma nova deliberação, devolvendo a decisão para a Câmara. Eles acreditam que têm chances de reverter a decisão por duas razões. Teori Zavaski, o mais novo ministro do STF, não votou na primeira fase do julgamento e deve fazer isso agora. Se mantiver seus posicionamentos passados, inclusive por escrito, Zavaski trará o quinto voto a favor da defesa, empatando a decisão. Há mais ainda. Dilma Rousseff não nomeou, até agora, o substituto da vaga deixada por Carlos Ayres Britto. Nada impede que o novo nomeado, ainda em estudos, se apresente para votar os recursos, caso a deliberação seja mais demorada. É mais um voto que pode pender a balança para um lado ou para outro. Depois que essas questões forem resolvidas, no Supremo, o debate chega à Câmara. E aí todas as ambiguidades terminarão.
Montagem sobre fotos de adriano machado/ag. istoÉ
Fotos: ED FERREIRA/AGêNCIA ESTADO/AE; Adriano Machado/ag. istoé
Fonte: Revista ISTOÉ On Line
Edição: Antonio Luis

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

É Carnaval na Renanlândia


Recondução de Renan Calheiros à presidência do

 senado, mesmo debaixo de denúncias, representa 

a vitória do atraso. Eleição foi comemorada com 

rojões em seu berço político

Sérgio Pardellas
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O INEVITÁVEL
Com o apoio do PT, Renan voltou à presidência do Senado,
seis anos depois de deixar o posto pela porta dos fundos
O Carnaval foi antecipado em uma semana no município de Murici, localizado a 40 quilômetros de Maceió (AL). Na sexta-feira 1o, o Senado Federal reconduziu seu filho mais pródigo, o senador Renan Calheiros (PMDB), a um papel de proa na política nacional. Com 56 votos, de um total de 78, o parlamentar alagoano foi alçado novamente à presidência do senado, seis anos depois de ter deixado o posto – o terceiro na linha sucessória da presidenta Dilma Rousseff – pela porta dos fundos, acusado de ter despesas pessoais pagas por uma empreiteira. Novamente detentor de muito poder, Renan personifica um perfil de político que a sociedade não tolera mais, mas a quem Murici presta seguidas reverências. Lá, como diria Manuel Bandeira, é a Pasargada de Renan e de seu clã, a família Calheiros, onde eles são mais do que amigos do rei. São os verdadeiros reis e seu reinado se estende há pelo menos 17 anos. Desde 1996, quando o irmão do senador Renan, Remi Calheiros, recuperou as chaves da prefeitura, a família Calheiros e o PMDB não perdem uma eleição sequer no município. Comandam Murici com mãos de ferro e ainda desfrutam do amplo apoio dos súditos foliões.
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CIDADE NATAL
Foliões na Praça da Matriz em Murici (AL),
município comandado há 17 anos pelo clã Calheiros
Não por acaso, confirmado o triunfo de Renan no Senado, foi possível escutar o barulho do espocar dos fogos de artifício na pacata cidade de 26 mil habitantes. A veneração ao clã Calheiros em Murici é cultivada à base de práticas explícitas de clientelismo. Em 2010, ano eleitoral, a casa da família de Renan, pertencente à matriarca Ivanilda, foi usada para cabalar votos em troca de favores e ajuda material. Enquanto, em um dos cômodos, pessoas treinadas preenchiam santinhos e ensinavam a votar nos Calheiros nas urnas eletrônicas, na cozinha outra equipe preparava comidas em imensas panelas para pessoas vindas de kombis e caminhonetes da periferia da cidade e zona rural. “É a hora de ganhar um troco e aliviar a situação em casa”, justifica um morador da cidade. A popularidade é confirmada no escrutínio das urnas. E também durante o Carnaval, quando Renan e família costumam atravessar uma multidão de foliões pintados de tinta em pó e desfilar em cima do trio elétrico no Bloco Tudo Azul, que se tornou uma das mais tradicionais manifestações da festa do momo em Alagoas. “O senador é ovacionado toda vez que comparece à festa”, admite José da Cunha, professor e morador de Murici.
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Para Renan, o vale-tudo na tentativa de amealhar cada vez mais e mais poder trata-se de um ritual comum à arte da política. O problema é que o atual presidente do Senado extrapolou e muito os limites da pequena Murici. Nos últimos 25 anos, ampliou sua influência para toda a Alagoas – Estado em que hoje controla um quarto dos prefeitos. E, depois de conquistar pela primeira vez uma cadeira na Câmara Federal, em Brasília, ainda na década de 90, conseguiu integrar a base de apoio de todos os presidentes eleitos após a ditadura militar. De adversário político, virou líder do governo Collor, apoiou o processo de impeachment, comandou uma estatal no governo Itamar Franco, foi nomeado ministro da Justiça durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso e tornou-se, em 2003, um dos principais interlocutores de Lula no Congresso. Assim, pavimentou o caminho que o levou até o comando do Legislativo em 2005. Em 2007, Renan foi acusado de pagar pensão alimentícia a sua ex-amante Mônica Veloso, com quem teve uma filha, com recursos da empreiteira Mendes Júnior. Na semana passada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, confirmou em denúncia apresentada ao STF que Renan “apresentou notas frias e documentos falsificados para justificar a origem dos recursos”. O senador responderá pelos crimes de peculato e falsidade ideológica. Diferentemente de agora, seis anos atrás, não restou outra saída a Renan senão renunciar ao posto de presidente do Senado. Conseguiu, no entanto, evitar a cassação do mandato em plenário e, mesmo longe dos holofotes, manter o prestígio.
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Durante o recesso parlamentar deste ano, Renan reuniu prefeitos e parlamentares em seu QG de articulações políticas, a casa de praia, no município de Barra de São Miguel. De lá, costurou os últimos apoios para a eleição ao Senado. “Sair daqui de Alagoas e se tornar um líder político nacional não é por acaso. Renan se destaca entre os demais. Independentemente de agremiação partidária dos prefeitos, o senador consegue trazer recursos para todos os municípios alagoanos com mais facilidade”, diz o ex-deputado federal e prefeito do Pilar, Carlos Alberto Canuto (PMDB), um dos habitués dos convescotes de Renan. Em Maceió, cidade onde o senador alagoano mantém residência no apartamento 703 do Edifício Tartana, avaliado em R$ 2 milhões, a 50 metros da areia branca da Praia de Ponta Verde, seus correligionários e eleitores dizem que a receita do sucesso do senador é a presença certa em inaugurações de obras públicas bancadas com recursos federais ou fruto de suas emendas parlamentares. Um exemplo foi o novo Hotel Ponta Verde, na Praia do Francês, inaugurado no município de Marechal Deodoro. “Normalmente, o senador Renan não tem vida social. Sua vida social é a política. Seu lazer é visitar prefeitos e fazer política nos municípios do sertão ao litoral sul, nos fins de semana. Essa é a receita do sucesso que fez com que Renan ganhasse popularidade em Murici e aqui em Alagoas”, disse um ex-assessor.
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Já o receituário para se ganhar eleição no Senado foi demonstrado na última semana, quando Renan desembarcou em Brasília. Mesmo debaixo de uma saraivada de denúncias, não se conteve em aplicar doses cavalares do mais puro fisiologismo para garantir sua vitória. Loteou cargos na Mesa Diretora e trabalhou internamente no PMDB para debelar um racha em torno da disputa pela liderança no Senado. O senador Romero Jucá (RR) ameaçou disputar a liderança do partido contra Eunício Oliveira (CE). Mas Renan agiu como manda o figurino no Senado. Garantiu a Segunda Vice-Presidência pa­ra Jucá e a crise foi estancada. O cargo havia sido oferecido ao PTB do senador Gim Argello (DF), mas o aliado aceitou ocupar a Segunda Secretaria. Será representado por João Vicente Claudino (PI). O senador também fez outros acenos importantes capazes de lhe assegurar a eleição. Por meio de emissários, prometeu não criar problemas para o governo. Como consequência, ganhou o apoio do PT. Coube ao senador tucano Aécio Neves entoar a voz do bom-senso: “O PMDB precisa criar facilidades para que possamos ter um nome que agregue todas as forças políticas do Congresso e o Senado inicie uma nova fase”, disse o político mineiro. Em vão. O Senado preferiu escutar as vozes do atraso. Enquanto isso, é Carnaval em Murici.  

Com reportagem de Matheus de Araújo, de Alagoas
Fotos: ROBERTO CASTRO; JOSÉ FEITOSA
Fotos: Sergio Lima/Folhapress; reprodução
Fonte: Revista ISTOÉ Online
Edição: Antonio Luis