sábado, 16 de fevereiro de 2013

O filho que assombra Nascimento


Briga empresarial envolvendo a família de 

Alfredo Nascimento complica a vida do

 ex-ministro e ameaça a reaproximação do

 PR com o governo

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ENROLADO
Gustavo Pereira (no destaque), herdeiro do ex-ministro, é acusado
de forjar prestação de contas de empreiteira da qual era sócio
O senador e presidente do PR, Alfredo Nascimento, tem trabalhado intensamente nos últimos dias para recuperar o espaço de seu partido no governo. A legenda está sem cargos no primeiro escalão desde que o próprio Nascimento foi demitido por Dilma Rousseff, em julho de 2011, do Ministério dos Transportes, na esteira de acusações de irregularidades na pasta. Mas justamente um dos pivôs de sua queda pode atrapalhar mais uma vez os planos de Nascimento. Trata-se de seu filho, Gustavo Pereira. Investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de enriquecimento ilícito, após denúncia de ISTOÉ em 2009, Pereira agora é alvo de uma nova ação. O jovem publicitário – ao lado do advogado Adalberto Martins, amigo do ex-ministro – é acusado de forjar a prestação de contas da empreiteira Forma Construção, da qual era sócio. Essa empresa se notabilizou, na época dos escândalos do Ministério dos Transportes, por ter crescido 86.500% em apenas dois anos.
Após a publicação da reportagem de ISTOÉ, Pereira e Martins venderam suas cotas na empresa ao terceiro sócio, o empresário Silvio Queiroz Pedrosa. Desconfiado da saúde financeira da empreiteira, Pedrosa encomendou uma auditoria que acabou encontrando provas de sonegação fiscal e tributária, além de fortes indícios de fraude contábil. Nos autos do processo, Pedrosa acusa a dupla de ex-sócios de maquiar a contabilidade para encobrir uma dívida de R$ 2 milhões em impostos, como PIS, Cofins e Imposto de Renda. Mas o que chamou a atenção foi uma série de operações suspeitas que teriam deixado um rombo superior a R$ 18,5 milhões.
A auditoria identificou a venda de imóveis da Forma Construção a parentes e amigos de Nascimento com preço inferior ao praticado no mercado pela própria empresa. Além das condições vantajosas, o dinheiro que deveria ser pago por essas transações não passou pelas contas da empresa e nem sequer foi contabilizado. O próprio Alfredo Nascimento comprou duas salas comerciais no edifício Atlantic Tower, construído pela Forma, por R$ 180 mil. Pagou R$ 90 mil à vista e o restante ninguém viu. Na petição, Pedrosa diz que o valor de mercado dos imóveis “seria superior a R$ 300 mil”.
O advogado de Gustavo, Emiliano Aguiar, rejeita as acusações. Para ele, Pedrosa age de “má-fé”. “Ele não pagou pelas cotas do Pereira e perdeu na Justiça. Está dando o troco”, diz. Ele alega ainda que seu cliente cuidava do mar­­keting e participava pouco da gestão contábil, sob responsabilidade de Martins. Mas usa o mesmo raciocínio para acusar Pedrosa. “Como sócio, ele sabia de todos os atos praticados. Seus poderes de administração eram iguais”, afirma.
A reportagem não conseguiu localizar Martins nem seu advogado para comentar o caso. Alfredo Nascimento também não retornou contato. O presidente do PR espera, segundo palavras dele, que o “governo reconheça a importância do partido que preside na coalizão”. Mas não será se esquivando de elucidar novos episódios suspeitos envolvendo seu nome que o ex-ministro, demitido há menos de dois anos por envolvimento com irregularidades, terá autoridade moral para recuperar seu naco de poder no consórcio governista. Da maneira como age, a chance de velhos fantasmas voltarem a assombrar o governo são imensas.
Fotos: Sérgio Lima/Folhapress e JOSE SOARES/FREELANCER 
Fonte: Revista ISTOÉ On Line
Edição: Antonio Luis

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