terça-feira, 25 de setembro de 2012

Blatter já convoca a '33ª seleção' da Copa - a dos árbitros


Chefão da Fifa abriu seminário que inicia preparação da arbitragem para 2014

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, na sede da entidade, em Zurique (Suíça)
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, na sede da entidade, em Zurique (Suíça) (Harold Cunningham/Getty Images)
"É como uma seleção nacional. Somos a seleção da Fifa. Queremos os melhores juízes do planeta na Copa do Mundo", disse Massimo Busacca, diretor de arbitragem da entidade
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou nesta terça-feira, em Zurique, que os árbitros que trabalharão na Copa do Mundo de 2014 serão a "33ª seleção" da competição. Preocupado com a repetição de algumas falhas graves ocorridas no último Mundial, o cartola destacou o peso da responsabilidade da arbitragem ao falar para 52 juízes pré-selecionados para atuar na competição, que acontece no Brasil entre 12 de junho e 13 de julho. "A preparação para a Copa do Mundo é extremamente importante. Vocês serão a minha seleção, a 33ª equipe do Mundial, e essa equipe é muito importante", ressaltou Blatter no seminário promovido pela Fifa na sede da entidade, na Suíça.
Na lista dos 52 árbitros pré-selecionados está um brasileiro: o paulista Wilson Luiz Seneme. Todos participarão de seminário em Zurique até a sexta-feira. Além do brasileiro, outro nome de destaque na lista é o do inglês Howard Webb, que comandou a final da Copa da África do Sul, em 2010, entre Espanha e Holanda (em que, aliás, foi muito criticado). Além de Seneme, foram pré-selecionados os auxiliares Alessandro Rocha Matos, da Bahia, e Emerson de Carvalho, de São Paulo. Ao abrir o encontro, o presidente da Fifa falou sobre a decisão de introduzir a tecnologia para identificar quando uma bola entra no gol, através do uso de um chip instalado nela.
O inédito uso da tecnologia no jogo será experimentado pela primeira vez  em dezembro, no Mundial de Clubes da Fifa, no Japão. Um erro na própria Copa da África, no jogo entre Alemanha e Inglaterra, foi decisivo para que a Fifa abrisse as portas para a tecnologia - um ano antes, Blatter descartava a possibilidade. A repetição do problema na última Eurocopa, em junho, tornou a decisão inevitável. Ao discursar diante dos juízes, Blatter desejou boa sorte a eles - mas deixou claro o tamanho da responsabilidade de apitar um jogo de Copa. "Vocês dedicam boa parte das suas vidas ao futebol. O futebol é um jogo com autodisciplina e respeito, uma luta com fair play. E vocês são os condutores desse jogo."
'Seleção da Fifa' - Diretor do Departamento de Arbitragem da Fifa, o ex-árbitro Massimo Busacca também exaltou a importância do apito para o próximo Mundial e lembrou que os nomes dos juízes para a competição ainda estão em processo de definição. "É muito importante observar que a lista ainda está em aberto. É como uma seleção nacional. Somos a seleção da Fifa. Os árbitros que não estão aqui nesta terça-feira precisam saber que ainda têm chances, enquanto os que estão presentes devem estar cientes de que podem ser cortados do grupo. Queremos os melhores juízes do planeta na Copa do Mundo de 2014", avisou.
(Com Agência Estado e agência EFE)

Fonte: Revista Veja Online
Edição: Antonio Luis

sábado, 22 de setembro de 2012

A esposa de Jesus


Por que a descoberta de um papiro do século IV 

que sugere a existência de uma mulher de Cristo 

pode revolucionar o estudo dos primeiros séculos 

do cristianismo

Rodrigo Cardoso
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CASAL? 
O possível relacionamento entre Jesus e Maria Madalena 
volta à baila com a revelação desse novo documento

Jesus Cristo nunca esteve tão próximo do altar dos homens quanto agora. Na terça-feira 18 uma respeitada historiadora da Universidade de Harvard, Karen L. King, especialista em cristianismo antigo, apresentou em um congresso no Vaticano, sede do catolicismo mundial, aquele que seria o texto mais antigo a mencionar que o filho de Deus teve uma esposa. Chamado de Evangelho da Esposa de Jesus, um fragmento de papiro do século IV escrito em copta – um idioma egípcio – traz um diálogo entre Cristo e seus discípulos no qual se lê: “Jesus disse a eles: ‘Minha esposa...’. Outros textos apócrifos (aqueles não legitimados pela Igreja Católica) sobre o cristianismo, como o evangelho de Filipe, do século III, já davam a entender que havia uma relação conjugal entre Jesus e Maria Madalena. Em nenhum deles, porém, Cristo fala em primeira pessoa sobre a sua consorte, como ocorre no Evangelho da Esposa de Jesus, que mede oito centímetros de comprimento por quatro de altura. 

No documento nota-se, ainda, um diálogo de Cristo sobre o seu discipulado e o papel de sua esposa entre os homens que o seguiam (leia no alto da página). Na primeira linha do papiro, lê-se “Não (para) mim. Minha mãe me deu vi(da...)” e, na terceira, “negar. Maria é digna de... (ou Maria não é digna de...)”. Como a referência à mãe de Jesus é feita na primeira sentença, o arqueólogo Rodrigo Pereira da Silva, professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), afirma que é mais provável que a Maria mencionada no texto seja Maria Madalena e não Maria mãe de Jesus. Silva, que fez pós-doutorado em arqueologia na norte-americana Andrews University, concorda, porém, com a professora Karen, de Harvard. Para ela, o papiro não é prova de que Jesus se casou.

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O documento, segundo ela, seria parte de um livro escrito no século II, ou seja, uma fonte muito tardia em relação aos dias de Cristo na Terra. Corrobora também para a dúvida o fato de, naquele período, uma comunidade de cristãos dissidentes – a maioria de Alexandria, no Egito – ter criado um movimento chamado gnosticismo, marcado pela produção de textos nos quais a figura do Jesus preconizada pelo Novo Testamento pode ter sido modificada para tornar o cristianismo mais palatável ao povo pagão alexandrino. Esse novo Jesus que nascera ali, entre outros traços, não sentia dor nem sofrimento. Ideias como a ressurreição, encarnação e morte expiatória na cruz, que não eram bem-vistas diante dos olhos do mundo grego de Alexandria, ficaram de fora dos textos apócrifos gnósticos, como os evangelhos de Tomé, Judas e Filipe. Também surgiu a necessidade de se criar uma esposa para Cristo para, como pregava o gnosticismo, confirmar a teoria de que espíritos evoluídos estavam sempre em casais e nunca sozinhos. 

O evangelho de Filipe, por exemplo, traz fragmentos nos quais se menciona o episódio de um beijo de Jesus em Maria Madalena. “Nessa região e naquela época se discutia muito se era apropriado ao cristão se casar. Por essas evidências, supõe-se que o Evangelho da Esposa de Jesus seja um documento surgido em um ambiente de gnosticismo”, diz o arqueólogo Jorge Fabbro, da pós-graduação em arqueologia do Oriente Médio Antigo da Universidade de Santo Amaro (Unisa). O fragmento apresentado no Vaticano, portanto, estaria se referindo a um outro Cristo, uma divindade maquiada, e não àquele presente no Novo Testamento. Mas qual é o verdadeiro? Não será esse papiro que irá responder. Mas ele lança lenha na fogueira por ser mais um texto, diferente dos que já se tem conhecimento, que aponta para uma possível relação entre Maria Madalena e Jesus.

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Fogueira que também é alimentada por textos reconhecidos como canônicos pelo cristianismo ortodoxo, como o Evangelho de Marcos, o primeiro entre aqueles aceitos pela Igreja a ser escrito. “De repente, Maria Madalena aparece nele como uma figura do círculo mais íntimo de Jesus, sem nunca sequer ter sido mencionada”, afirma Fabbro. “Ela surge na morte de Jesus, ao lado da mãe e da irmã dele, o vê nu, ajuda a ungi-lo e, depois, não mais recebe citações. Isso sugere um elevado grau de intimidade dela com Jesus, maior do que, à primeira vista, transparece nos evangelhos.” O casamento entre os cristãos do século I, porém, era uma possibilidade abençoada. Paulo, por exemplo, cujos textos fazem parte do cânone oficial, menciona líderes da Igreja casados, como Pedro, os apóstolos e os irmãos de Cristo.

Na Israel do século I, nobre não era apenas a pessoa solteira e celibatária. Assim também seria aquela que, mesmo casada, tivesse a coragem de deixar a família em segundo plano para servir ao trabalho de Deus. “Se Jesus fosse casado, seria uma vantagem para ele. Não haveria motivos para os evangelhos bíblicos negarem o fato”, diz o arqueó­logo Silva. Para ele, o Evangelho da Esposa de Jesus é mais um que reforça o fato de que o Cristo histórico não foi casado, uma vez que, se tivesse vivido uma relação marital, a discussão ou menção sobre isso apareceria em livros mais antigos do que os do século II. “Por outro lado, nota-se um silêncio absoluto no século I sobre o fato e uma grande efervescência sobre ele no século II. E foi assim porque o Jesus casado é uma característica de um Cristo construído pela teologia gnóstica.” 

Inferir, então, um relacionamento marital entre Jesus Cristo e Maria Madalena é pura especulação. Fabbro, o arqueólogo da Unisa, lembra que alguns cristãos gnósticos acreditavam que, para estarem próximos do que há de melhor no universo, era preciso rejeitar todos os prazeres relacionados ao corpo, como o contato físico por meio do sexo e a glutonaria. “Pregadores itinerantes dessa comunidade viajavam sempre acompanhados do que chamavam de esposa”, diz ele. “Tratava-se de uma espécie de irmã com quem tinham intimidade de convívio, apoio mútuo, mas com celibato.” O Evangelho da Esposa de Jesus, então, pode ser uma manifestação desse costume. Análises químicas da tinta usada no papiro serão feitas para tentar precisar o tempo em que ele foi escrito. E mais capítulos dessa – fascinante para muitos e improvável para outros – história poderão vir à tona.
 Fotos: Karen L. King/Harvard Divinity School/AFP PHOTO; Rose Lincoln/Harvard Staff Photographer

Fonte: Revista ISTOÉ Online
Edição: Antonio Luis

Virgindade à venda


Brasileira leiloa sua primeira relação sexual. 

Casos passados mostram que essa ideia nem 

sempre dá certo

Michel Alecrim
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Sob o pretexto de participar de um documentário na Austrália retratando “mudanças emocionais que ocorrem na mulher após a primeira relação sexual”, uma brasileira de 20 anos que se identifica apenas como Catarina está lei­loando sua virgindade pela internet. O maior lance oferecido até agora chega a R$ 140 mil e o leilão permanecerá aberto até o dia 15 de outubro. “Fico feliz porque isso é uma aventura para mim”, diz a jovem. Também está leiloando a sua virgindade o protagonista do filme, o russo Alex Stepanov.

Catarina, que diz ter dado o primeiro beijo aos 17 anos, classifica a experiência de “um negócio”. Com a ajuda do irmão e de uma câmera caseira, ela preparou o vídeo que foi selecionado para a produção. Na assinatura do contrato recebeu R$ 42 mil. A família a apoia. “Minha mãe é minha melhor amiga porque sempre conversou muito comigo. Ela dá a opinião dela, mas me dá liberdade para tomar minhas próprias decisões”, conta. A jovem estudante de educação física, nascida em Santa Catarina, responde às críticas que vem recebendo e à acusação de prostituição com uma citação do filósofo americano Henri Thoreau: “A opinião pública é uma tirana débil se comparada à opinião que temos de nós mesmos.” Algumas curiosidades: o pretendente precisa ter bons antecedentes criminais e quem arrematá-la não poderá beijá-la na boca.

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Para a psicopedagoga Maria Irene Maluf, é lamentável que até a família da jovem esteja envolvida no projeto. “Não deixa de ser uma forma de prostituição e uma violência contra ela. Justamente num momento em que a mulher conquistou status de independência, algumas querem se transformar em mercadoria”, critica Maria Irene. Como acabará a história de Catarina é uma incógnita, mas casos famosos de leilão da virgindade não deram certo. A modelo peruana Graciela Yataco, que tinha até a causa nobre de custear o tratamento da mãe, acabou desistindo, mesmo tendo recebido uma proposta de R$ 3 milhões. A bela americana Natalie Dylan declarou que continuava virgem, apesar de ter recebido oferta de R$ 6,8 milhões por sua “pureza”, até hoje um recorde. A inglesa Rosie Reid foi um caso raro de leilão concretizado. Ela reconhece ter recebido R$ 67 mil pela primeira vez.

No momento, as filmagens do documentário australiano acontecem na Indonésia. O primeiro encontro sexual de Catarina deve ocorrer dez dias após o encerramento do leilão em local ainda a ser definido. Ela diz não estar preocupada com quem dará o lance maior. “Em um negócio, não se escolhe o comprador”, explica. 

 Fotos: Stefania D’Alessandro/Getty Images; reprodução
Fonte: Revista ISTOÉ Online
Edição: Antonio Luis

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PI: PF conclui que estudante de Direito morta há 1 ano se suicidou



Fernanda Lages tinha 19 anos quando morreu. Foto: Divulgação
Fernanda Lages tinha 19 anos quando morreu
Foto: Divulgação


YALA SENA
Direto de Teresina
O resultado de um dos inquéritos mais aguardados do Piauí concluiu que a estudante de Direito, Fernanda Lages Veras, 19 anos, encontrada morta há um ano no prédio do Ministério Público Federal (MFP), cometeu suicídio. A universitária caiu de uma altura de 30 m no dia 25 de agosto de 2011. A família e os promotores não concordam com a tese e vão pedir novas investigações. Eles alegam que a estudante foi assassinada.
O caso é marcado por várias fases. Inicialmente, foi investigado pela Polícia Civil, que constatou "morte violenta" e não indiciou ninguém. O Ministério Público (MP) rejeitou o resultado e pediu a entrada da Polícia Federal (PF), sugerindo a possibilidade de tráfico internacional de mulheres e prostituição interestadual.
Como foi cogitada a participação de políticos e pessoas influentes na morte da jovem, o assunto foi um dos mais comentados no Estado. Hoje, o superintendente da Polícia Federal, Nivaldo Farias de Almeida negou qualquer influência política. "Sei que se aproxima das eleições, mas não sofro de qualquer tipo de influência política ou religiosa. Isso é conversa fiada", disse o superintendente.
A investigação
Em 10 meses de investigação, a PF ouviu 150 pessoas, entre namorado, empresários, pedreiros e até o secretário de Segurança Pública do Piauí, Robert Rios Magalhães. Foram feitos exames de DNA em mais de 100 suspeitos e foram coletados como provas 11.825 arquivos de áudio. O corpo da estudante chegou a ser exumado.

O delegado José Edilson Freitas, que presidiu o inquérito, apresentou uma simulação em três dimensões dos últimos passos da estudante no dia em que foi encontrada morta. Ele revelou também que Fernanda Lages teve um surto psicótico, possivelmente causado pela ingestão de quatro medicamentos - nortriptilina, flunarizina, atenolol e piroxicam - que a estudante tomava contra enxaqueca crônica.
Freitas informou que Fernanda morreu por volta das 5h30, e que entrou sozinha na obra. "O que constatamos nos laudos foi a sugestão de suicídio, mas não podemos descartar também uma queda acidental", afirmou o delegado. No entanto, o perfil traçado da jovem era de alguém alegre, que gostava de se divertir. "Não sabemos os motivos que a levou ao suicídio, pois essa vontade estava só na cabeça dela", disse durante coletiva.
Na investigação, de acordo com o delegado, não há indícios de homicídio. As provas demonstraram que ela entrou sozinha na obra e que todas as lesões encontradas no corpo são explicadas unicamente pela ação da queda. A perícia constatou hematomas nas coxas direita e esquerda, quadril, cintura e costas. Também constatou-se que ela não tinha envolvimento com o tráfico de mulheres.
Exames feitos na Paraíba, em São Paulo e em Brasília, revelaram que Fernanda Lages não foi abusada sexualmente e não estava grávida. Ela tinha, no entanto, elevado teor de álcool no sangue. "Ela tinha 1.17 miligrama de álcool por litro de sangue", afirmou o delegado.
Reação da família
A família da estudante reagiu após a divulgação do inquérito. O pai, ex-vereador de Barras (PI), Paulo Lages, informou que não acredita no resultado e, se for preciso, acionará a Anistia Internacional.

Os promotores Eliardo Cabral e Ubiraci Rocha, que acompanham o caso, já anunciaram que a investigação irá continuar. Porém, não informaram se será uma apuração do próprio Ministério Público ou se voltará para a Polícia Civil.
Fonte: Portal Terra Online
Edição: Antonio Luis

Eduardo Campos reforça campanha contra PT em São Luís



O governador participou de ato de apoio ao candidato a prefeito de São Luís do Maranhão, Edivaldo Holanda Júnior (PTC). Foto: Clodoaldo Corrêa/Especial para Terra
O governador participou de ato de apoio ao candidato a prefeito de São Luís do Maranhão, Edivaldo Holanda Júnior (PTC)
Foto: Clodoaldo Corrêa/Especial para Terra
Apontado como possível candidato a presidência da república em 2014, o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tenta garantir a eleição de aliados na maioria das capitais do Nordeste, principal reduto eleitoral do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff (PT), e quer criar um movimento a seu favor no Nordeste. Na noite da última quarta-feira, o governador participou de ato de apoio ao candidato a prefeito de São Luís do Maranhão, Edivaldo Holanda Júnior (PTC), que disputa com o candidato Washington Oliveira (PT), aliado fiel de Lula e da família Sarney.
Campos realiza uma maratona ao lado do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, nas maiores cidades onde PDT e PSB estão no mesmo palanque. Eles estiveram nesta quarta em São Luís e Natal, onde o PSB apoia o pedetista Carlos Eduardo. No Maranhão, Eduardo Campos se uniu ao presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB) para tentar eleger o prefeito da capital e aumentar as chances de Dino ser eleito governador do Estado em 2014.
Em seu discurso no Maranhão, Campos reforçou o sentimento de baixa estima do Nordestino, que segundo ele, seria causado em muito por prefeituras, governos e até mesmo órgãos da União. "Uma região enorme como a nossa tem apenas 12% da economia do país. A porta do Nordeste é sempre mais estreita. E isso é causado muitas vezes por pedras colocadas por prefeituras, governos e órgãos federais. É fundamental começarmos a mudança aqui pelo Nordeste, que sofre com o atraso", declarou o Eduardo Campos, que em tom de campanha, apontou ações de seu governo em Pernambuco afirmou que o estado hoje cresce mais que o Brasil.
O candidato apoiado por Eduardo Campos, Edivaldo Holanda Jr. (PTC) está em segundo lugar nas pesquisas, bem à frente do candidato de Lula e da família Sarney, Washington Oliveira (PT). Holanda Júnior caminha para enfrentar o atual prefeito João Castelo (PSDB) no segundo turno.
Fonte: Portal Terra Online
Edição: Antonio Luis

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Americano de 216 kg condenado à morte quer adiar execução por peso


Peso pode levar a uma 'morte torturante e dolorosa', afirmam advogados.
Ronald Post, de 54 anos, matou funcionário de hotel em 1983 nos EUA.


Ronald Post pesa 218 quilos e quer sua execução seja adiada devido a seu peso (Foto: AP)
Ronald Post pesa 218 quilos e quer sua execução
seja adiada devido a seu peso (Foto: AP)
Um norte-americano de 216 quilos condenado à morte quer que sua execução seja adiada, dizendo que seu peso pode levar a uma "morte torturante e dolorosa."
Ronald Post, 54, que atirou e matou um funcionário de hotel no norte do estado de Ohio há quase 30 anos, disse que seu peso, acesso difícil às veias, cicatrizes e outros problemas médicos elevam a probabilidade de seus executores encontrarem problemas graves para matá-lo injetando solução letal.
Ele também é tão grande que a maca de execução pode não suportá-lo, disseram os advogados de Post nesta sexta-feira (14).
"Na verdade, dada a sua condição física única, há um risco substancial de que qualquer tentativa de executá-lo irá resultar em dor física e psicológica séria para ele, assim como uma execução envolvendo uma morte torturante e dolorosa", disseram.
Post está marcado para morrer em 16 de janeiro de 2013 pelo assassinato de Helen Vantz cometido em 1983.
De acordo com o jornal local "Cleaveland", Post tentou perder peso em algumas ocasiões. Em 1996, dois anos antes da execução ser marcada, o detento fez um pedido médico para reduzir o estômago, mas teve a solicitação negada.
Uma porta-voz do departamento de prisões não fez nenhum comentário sobre o pedido.
Fonte: G1
Edição: Antonio Luis

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Agora, José Dirceu


O ex-ministro começa a ser julgado pelo STF 

por corrupção

 ativa. E, apesar da provável condenação, 

ele ainda luta, 

para ampliar sua influência no governo

Claudio Dantas Sequeira e Josie Jeronimo
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ÚLTIMA CARTADA
Dirceu acha que pode ser preso e articula para não perder poder político

Em cinco semanas do julgamento do mensalão, com 23 sessões que somaram 200 horas, o Supremo Tribunal Federal já definiu muita coisa sobre o escândalo político denunciado sete anos atrás. Com os votos proferidos até agora, os ministros do STF mostraram que o esquema de corrupção foi abastecido com dinheiro público e que uma “sofisticada organização criminosa” se valeu de empréstimos fictícios no Banco Rural e recorreu a esquemas de lavagem de dinheiro para esconder seus delitos. Três réus foram condenados por gestão fraudulenta, oito por lavagem de dinheiro e em cinco casos o Tribunal entendeu que os acusados cometeram crimes de peculato e corrupção passiva. Agora, a partir desta semana, chegou a vez de mirar o chamado “núcleo político” do mensalão identificado pela Procuradoria-Geral da República. Ou seja, é a hora H para uma turma de homens públicos liderados, conforme a acusação, pelo ex-todo-poderoso ministro da Casa Civil do governo Lula José Dirceu. Depois de descrever como funcionava o conluio do mensalão, os ministros do Supremo vão mostrar quem mandava nele. De início, o Tribunal vai tratar do pagamento de propinas a políticos da base aliada do governo. Nesse capítulo, Dirceu será julgado por corrupção ativa.
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DESPRESTÍGIO 
Presidenta Dilma Rousseff tem barrado tentativa de Dirceu de aumentar seu poder no governo

Só na última semana do julgamento, o STF partirá para o crime de formação de quadrilha.
A sistemática que vem sendo adotada no julgamento e o conteúdo dos votos dos ministros do STF não favorecem José Dirceu. Pelo contrário. Seguindo a eficiente estratégia de “fatiar” o julgamento, proposta pelo relator, ministro Joaquim Barbosa, o Supremo aceitou os principais pontos da tese da denúncia. Com o processo analisado por capítulos, cada condenação acabou dando lógica e suporte ao julgamento do item seguinte. Por isso, na semana passada, pela primeira vez, Barbosa já vinculou Dirceu ao repasse de dinheiro do esquema, influenciando também os demais ministros. Como se vê, seu futuro não parece nada alvissareiro.

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 O horizonte sombrio da provável condenação já é admitido pelo próprio José Dirceu em conversas com amigos e advogados. Ele acredita até na possibilidade de ser preso. Para não se abater por completo, no entanto, o ex-ministro tem intensificado articulações para buscar saídas e se manter ativo politicamente no PT. Ele ainda é influente no partido e nunca deixou de ter poder no governo. No mês passado, por exemplo, apesar de toda a exposição negativa de seu nome, Dirceu fez movimentos para emplacar aliados em postos-chaves da administração federal. Entre eles o cobiçado cargo de secretário-executivo da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Recentemente também indicou afilhados políticos para os setores de energia, telecomunicações, transporte e fundos de pensão. A maioria dessas tentativas, no entanto, foi em vão. Apesar de manter uma boa relação no plano pessoal com o ex-ministro, a presidenta Dilma Rousseff não quer Dirceu influenciando seu governo. “Há alguns ministros que já nem retornam suas ligações”, diz um aliado do petista.
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A perda de espaço de Dirceu no governo faz parte de um processo de esvaziamento de poder que começou no início do governo Dilma e se intensificou nos últimos meses. Técnicos do PT confirmaram à ISTOÉ que o total de funcionários do primeiro ao terceiro escalão, considerados da cota de Dirceu, caiu de aproximadamente 1,5 mil indicados para menos de mil. A derrota mais recente do ex-ministro no coração do poder em Brasília foi a tentativa dele de colocar um apadrinhado no posto de secretário-executivo da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, comandada pela ministra Helena Chagas. Com a aposentadoria da funcionária de carreira do Banco do Brasil Yole Mendonça, Dirceu procurou emplacar o deputado André Vargas (PT-PR), secretário de Comunicação do PT. Fez isso de olho na gestão dos milionários contratos de publicidade institucional do governo. Mas fracassou. Helena Chagas prefere negar a ofensiva. “Garanto que ele nunca me telefonou ou fez qualquer tipo de gestão”, disse ela. Vargas, por sua vez, saiu pela tangente. “Houve um buchicho de que eu queria o lugar da Yole, mas estou feliz como deputado”, afirma. “Defendo a frente parlamentar de mídia regional. Faço um debate, mas não para participar do governo.” O cargo, por desejo de Dilma, foi entregue a Roberto Messias, um técnico.
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Este ano, Dirceu também quis emplacar Afonso Carneiro Filho na Valec, mas, outra vez, não obteve êxito. Como prêmio de consolação, encaixou o aliado em uma diretoria da Secretaria de Política Nacional de Transportes. O emprego do apadrinhado na direção da secretaria, entretanto, durou pouco: ele foi exonerado no dia 12 de abril e voltou para a regional da CBTU em Belo Horizonte. Nos últimos meses, o ex-ministro também lutou para manter sua influência sobre a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Dirceu, que já teve o indicado Plínio Aguiar Júnior na presidência da agência, não conseguiu sustentar Luiz Tarcísio Teixeira no cargo de conselheiro. Ele ainda viu minguar sua influência na Caixa Econômica, com a saída de Maria Fernanda Coelho, e na Previ, com a queda de Ricardo Flores, depois de uma intensa disputa de bastidores com o Palácio do Planalto. No ano passado, Dirceu já havia perdido influência na Petrobras. A mudança no comando da estatal implicou uma ampla renovação nos quadros de direção aparelhados por Dirceu. Foi o caso da estratégica diretoria de Engenharia. A nova presidenta da estatal, Maria da Graça Foster, trocou Renato Duque por Richard Olm. Antes, porém, o ex-ministro tentou emplacar Roberto Gonçalves no cargo, sem sucesso. Ele ainda conseguiu manter posições para Wilson Santarosa e José Eduardo Dutra, mas deve perder em breve outro aliado, o diretor de recursos humanos Diego Hermanez.
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A  ACUSAÇÃO E A DEFESA 
O ministro-relator Joaquim Barbosa (acima) já relaciona Dirceu ao valerioduto. 
O advogado do petista, José Luís de Oliveira (abaixo), nega o vínculo

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Diante da resistência cada vez maior no plano federal, Dirceu tem buscado alternativas regionais para garantir influência e bons negócios. Durante a crise do governo Agnelo Queiroz, no Distrito Federal, o ex-ministro emplacou Swedenberger Barbosa na Casa Civil local e Luiz Paulo Barreto na Secretaria de Planejamento. A assessoria de imprensa de Dirceu nega que o ex-ministro tenha cargos no governo e atribui a “fogo amigo” as informações de que sua condenação já é vista por ele e outros líderes petistas como fato consumado. Sua assessoria argumenta que o caso do ex-ministro é diferente do de João Paulo Cunha, o deputado petista já condenado por corrupção no julgamento do mensalão, que concorria à Prefeitura de Osasco, em São Paulo. As denúncias contra Dirceu realmente não envolvem saques de dinheiro na boca do caixa, como aconteceu com João Paulo.


Embora nesta fase do julgamento as provas contra os réus sejam basicamente testemunhais, pois não há documentos que formalizem a compra de votos, a perspectiva de condenação é concreta. O julgamento do chamado “núcleo político”, que se inicia nesta semana, é considerado fundamental para provar a existência do esquema de compra de apoio político dentro do Congresso para a votação de projetos de interesse do então governo Lula. Sob o crime de corrupção ativa, cuja pena varia de 1 a 15 anos de prisão, estão na berlinda 23 pessoas, integrantes do PT, PMDB, PP, PTB e PL, além de Dirceu. Pesa contra o ex-ministro sua relação com Marcos Valério. O publicitário mineiro, que operou com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, confirmou em depoimento que os empréstimos para o PT foram feitos com aval de Dirceu, deu detalhes das reuniões com representantes do Banco Rural e confirmou os negócios imobiliários de Ângela Saragoça, ex-mulher de Dirceu, com Rogério Tolentino, ex-sócio do publicitário mineiro. Valério, certamente a pedido do ex-ministro, conseguiu um emprego para Ângela no banco BMG. Apesar de Dirceu negar os fatos, a ex-secretária de Valério Fernanda Karina Somaggio confirmou os contatos entre o “chefe da quadrilha” e o publicitário. Em depoimento, o ex-deputado do PP Pedro Corrêa também complicou Dirceu, ao garantir que o ex-ministro cuidava pessoalmente das negociações de transferência de recursos entre as siglas.

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Os sinais de que Dirceu pode mesmo ser condenado levaram o ex-presidente Lula a convocar uma reunião de emergência na sede de seu instituto, em São Paulo. Do encontro a portas fechadas, além de Dirceu e Lula, participaram apenas o presidente do PT, Rui Falcão, o ex-ministro Márcio Tomaz Bastos e o ex-deputado e advogado Sigmaringa Seixas. O grupo avaliou todo o cenário do julgamento, repassou pontos da acusação e concluiu que as chances de condenação são reais. O grupo avaliou ainda o impacto na imagem do partido, que começa a apresentar rachas internos. E foi traçada uma estratégia de reação.


A contraofensiva ficou clara no lançamento da candidatura do substituto de João Paulo Cunha na campanha de Osasco. Falcão falou do “grande golpe” contra o partido e lançou ameaças. “Não mexam com o PT, porque quando o PT é provocado ele cresce”, disse. Em artigo publicado na internet, o coordenador da Comissão Nacional de Ética do partido, Francisco Rocha, o Rochinha, foi ainda mais enfático. Acusou o STF de acatar a denúncia do MP sem dar aos petistas o direito de ampla defesa. “Aqui entramos num ponto crucial, aquele que a Justiça chama de Ação Penal 470, que as vestais chamam de mensalão e que eu chamo de tentativa de golpe político”, escreveu Rochinha. O ataque à mais alta instância do Judiciário brasileiro foi visto por petistas mais equilibrados como um verdadeiro tiro no pé. “Não faz sentido atacar uma Corte formada majoritariamente por ministros que foram indicados pelo próprio Lula”, diz um cacique petista. Para o advogado de um dos réus, atacar o STF é contraproducente, antidemocrático, depõe contra o partido e “não ajuda em nada” numa tentativa de absolvição. 



É nesse clima que o destino de Dirceu será traçado. Sua condenação, certamente, terá impacto dentro e fora do PT. Na possibilidade cada vez mais remota de ele ser absolvido, o petista ganharia uma sobrevida política e, no curto prazo, poderia voltar a dar as cartas no partido. Com a palavra, os ministros do Supremo Tribunal Federal.

Fotos: WILSON DIAS-ABR/Ag. Brasil; Nelson Jr./SCO/STF;
Fonte: Revista ISTOÉ Online
Edição: Antonio Luis

sábado, 15 de setembro de 2012

A injeção contra o colesterol


Brasileiros começam a testar o remédio mais eficaz

 desenvolvido até agora para combater o mal que 

atinge 40% da população mundial. Seis laboratórios

brigam para saber qual lançará primeiro a nova

 droga no mercado

Monique Oliveira
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O controle do colesterol está no centro das atenções de médicos de todas as especialidades, até mesmo dos pediatras. Apesar de cumprir funções nobres no corpo –, é indispensável à formação das células e produção dos hormônios sexuais, por exemplo – a substância torna-se um problema quando o LDL, uma das frações que a compõem e que é conhecida como mau colesterol, ultrapassa os limites desejáveis. Em excesso, o LDL se acumula no interior das artérias e bloqueia a passagem do sangue, o que pode levar ao infarto (se for no coração) ou a um acidente vascular cerebral. Domar o mau colesterol, portanto, é um dos maiores desafios da ciência.

A boa-nova é que os pesquisadores estão prestes a dar uma virada nos rumos dessa batalha com o lançamento de um remédio que é o mais eficiente recurso descoberto desde as estatinas, a principal medicação em uso para reduzir o LDL. A substância que pode fazer essa revolução é uma molécula nova, ministrada na forma de injeção, com periodicidade quinzenal ou mensal.

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CAMINHO CERTO
Eduardo Mekitarian, 67 anos, conseguiu controlar o 
colesterol com dieta, exercício e remédio

Os resultados obtidos com testes em cerca de mil pacientes surpreenderam os pesquisadores. Associada às estatinas, a injeção conseguiu reduzir em até 72% o LDL, algo jamais alcançado. “O índice apresentado nos estudos de redução do colesterol é muito alto”, afirma Leopoldo Piegas, cardiologista do Instituto Dante Pazzanese, que conduzirá testes com o medicamento. Mesmo em grupos que tomaram apenas o novo remédio o mau colesterol sofreu uma diminuição significativa. No próximo ano, dezenas de milhares de pessoas serão submetidas ao uso experimental do novo remédio. Seis grandes empresas farmacêuticas multinacionais estão acelerando o planejamento dos seus testes de fase três – que comprovam a eficácia e a segurança do medicamento em populações maiores. Elas disputam qual chegará primeiro ao mercado com o novo remédio. Em junho, por exemplo, durante uma conferência em Paris, as indústrias Sanofi e Regeneron, parceiras na pesquisa do novo remédio, anunciaram que farão estudos com 22 mil pessoas em diversos países. O laboratório Amgen, por sua vez, iniciará avaliações em 20 centros de referência em cardiologia no Brasil nos primeiros meses de 2013. A molécula, por hora designada por um amontoado de siglas e números, será avaliada também em 30 centros latino-americanos. Outras gigantes do mercado farmacêutico que participam dessa corrida são a Pfizer, a Novartis, a Merck e a Bristol-Myers em conjunto com a Isis Pharmaceuticals. 

O novo remédio é a maior esperança na luta contra a doença em 25 anos. “Se essa injeção for aprovada, mudará a história do tratamento do colesterol”, afirma o cientista Raul Dias dos Santos, diretor da Unidade de Dislipidemias do Instituto do Coração de São Paulo, outra das instituições escaladas para avaliar o novo medicamento. O otimismo cauteloso do pesquisador tem fundamento. Há anos buscam-se novos caminhos para melhorar o controle do colesterol alterado, que acomete 40% da população mundial e contribui para 56% dos casos de óbitos por doenças coronárias, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

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A injeção é inovadora em vários sentidos. Primeiro, porque atua por caminhos diferentes das estatinas, que contêm as taxas de gordura no sangue, inibindo a sua produção no fígado. A molécula bloqueia a atividade de uma enzima natural do corpo chamada PCSK9. Essa enzima destrói os receptores de LDL no sangue, cuja função é retirar o excesso de colesterol ruim em circulação, como ficou demonstrado por estudos publicados nos últimos dez anos pela revista científica “New England Journal of Medicine”. Com o avanço das pesquisas, os cientistas encontraram mais alterações na mesma enzima capazes de gerar baixas concentrações de LDL no sangue e de ligá-la aos casos de hipercolesterolemia familiar. São situações em que membros de diversas idades de famílias inteiras convivem com elevadíssimas taxas de colesterol. “Não há dúvida de que essa enzima está profundamente envolvida na regulação do colesterol”, atesta a farmacêutica bioquímica Marileia Scartezini, da Universidade Federal do Paraná, autora de uma tese de pós-doutorado sobre mutações genéticas relacionadas a taxas excessivamente baixas. “A essa altura, já era possível vislumbrar que um novo medicamento de combate à doença passaria pelo estudo da enzima PCSK9”, disse à ISTOÉ Gregg Fonarow, diretor do Centro de Cardiologia Preventiva da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla).
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Hoje o tratamento para o colesterol alto passa necessariamente pelas estatinas quando o controle não é conseguido com mudanças no estilo de vida. O problema é que pouca gente consegue mudar a dieta, parar de fumar e adotar um programa de exercícios semanais, que são as primeiras recomendações dos médicos a quem começa a mostrar alterações no LDL. “Não é fácil, mas eu consegui”, diz o professor de pós-graduação Eduardo Mekitarian, 67 anos. Há cinco anos, ele pratica 15 minutos de caminhada todos os dias, toma estatinas religiosamente e controla a dieta. Não come pizza mais de duas vezes por mês, tirou do prato embutidos, crustáceos e reduziu o consumo de carnes. “A transformação aconteceu quando eu descobri que estava com as coronárias entupidas e fiz uma cirurgia para colocar safenas. O susto mudou minha vida”, diz ele.
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As indicações médicas, porém, não são aceitas por todos. Para alguns, a necessidade de tomar mais de um comprimido por dia é um empecilho para perseverar no tratamento. Isso fez com que a designer Ana Vizeu, 33 anos, recusasse os remédios. “Depois de descobrir que tinha o colesterol alto, pesquisei na internet como era a dieta e vida dessas pessoas”, conta. “Estou tentando segurar com dieta e exercícios, mas admito que sem tanta eficácia”, reconhece. A designer tem colesterol total (a soma de todas as frações) acima de 200 mg/dl (miligramas por decilitro de sangue) e não conseguiu até agora aderir a uma rotina que reduza suas taxas. Para a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o colesterol total não deve ultrapassar 200 mg/dl. Níveis entre 200 e 240 mg/dl já são elevados e merecem atenção. Acima desses valores, são preocupantes.
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PESQUISA
O cardiologista Leopoldo Piegas comandará os testes com a injeção 
no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo

Embora seja a arma mais eficaz encontrada até hoje, as estatinas têm sido alvo de duras críticas por seus efeitos colaterais, como perda de memória e fadiga muscular. Outro efeito indesejado é um incremento na produção da enzima que destrói os receptores de LDL, responsáveis pela remoção do mau colesterol. A nova injeção combate justamente essas enzimas. Alguns pesquisadores acreditam que seja esse o motivo que faz o remédio ter impacto limitado em casos como o da aposentada Maria Júlia Lima, 63 anos, de São Paulo, que sofre da forma genética da doença. “Já tenho duas pontes de safena e meu colesterol total chega a 500 mg/dl”, diz a aposentada, que toma 12 medicamentos por dia.
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Pessoas como Maria Júlia serão as primeiras beneficiadas pela nova injeção. “É o maior golpe contra o colesterol desde as estatinas”, disse à ISTOÉ Evan Stein, pesquisadora americana que coordena os estudos patrocinados pela Regeneron e Sanofi. Os resultados da pesquisa que chegaram a uma redução de até 72% nos níveis de colesterol foram publicados em julho pela conceituada revista científica “Lancet”. O trabalho comparou indivíduos saudáveis que tomaram a injeção anticolesterol com portadores da forma genética da doença em tratamento com estatinas e ezetimiba (medicamento que ajuda na diminuição do colesterol com a absorção do LDL no intestino) por quatro meses. A Pfizer, que conduz estudo de fase 2, ainda não publicou seus resultados, mas divulgou que os 48 pacientes analisados não apresentaram efeitos adversos à sua molécula.
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Outro grupo que poderá ser favorecido pelo novo medicamento é aquele que não se dá com as estatinas, segundo Mariano Janiszewski, diretor-médico da Amgen no Brasil. “Cerca de 5% a 10% das pessoas não suportam esses remédio de jeito nenhum, e um número ainda maior não suporta doses elevadas”, diz a pesquisadora Evan.
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Sem tratamento
Ana Vizeu, 33 anos, tem colesterol alto, mas não quer tomar 
medicamentos e tem dificuldade para seguir a dieta certa

Apesar da expectativa em torno da nova medicação, há ponderações a serem feitas. “Mais testes são necessários para que se avaliem as consequências de se inibir uma molécula natural em ativação no organismo. Precisamos ver os efeitos disso”, diz a pesquisadora Tânia Martinez, cardiologista e professora da Universidade de São Paulo. “Eu mesma perguntei em um congresso se não havia riscos para inflamações ou tumores. Os pesquisadores do novo medicamento asseguraram que não”, conta a professora. Porém, até cientistas ligados aos laboratórios farmacêuticos preferem adotar um tom mais brando diante dessas possibilidades. “Embora mais de mil pessoas já tenham usado a droga sem efeitos colaterais, não dá para mapear todas as suas consequências”, disse a pesquisadora Evan. “Os estudos foram feitos em períodos curtos, por no máximo 12 semanas. É necessário acompanhar por mais tempo a ação da molécula fora do terreno cardiovascular.

Uma vez aprovado pelos órgãos que regulam os medicamentos, restará ainda um desafio: garantir o acesso ao produto. Remédios biológicos estão entre os mais caros da atualidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, especialistas da American Cancer Society tentam firmar um pacto entre as companhias que produzem esses medicamentos, as seguradoras e o governo para que mais pessoas possam usufruir o que a medicina oferece de mais moderno. No Brasil, alguns remédios desse grupo foram incluídos nos protocolos de tratamento de instituições públicas, como o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, e há centenas de liminares para que os planos de saúde paguem por esses tratamentos. Afinal, é preciso garantir que as conquistas da ciência cheguem a quem precisa. 

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Foto: Kelsen Fernandes; Julio Vilela

Fonte: Revista ISTOÉ Online
Edição: Antonio Luis