Fernanda Lages tinha 19 anos quando morreu
Foto: Divulgação
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O resultado de um dos inquéritos mais aguardados do Piauí concluiu que a estudante de Direito, Fernanda Lages Veras, 19 anos, encontrada morta há um ano no prédio do Ministério Público Federal (MFP), cometeu suicídio. A universitária caiu de uma altura de 30 m no dia 25 de agosto de 2011. A família e os promotores não concordam com a tese e vão pedir novas investigações. Eles alegam que a estudante foi assassinada.
O caso é marcado por várias fases. Inicialmente, foi investigado pela Polícia Civil, que constatou "morte violenta" e não indiciou ninguém. O Ministério Público (MP) rejeitou o resultado e pediu a entrada da Polícia Federal (PF), sugerindo a possibilidade de tráfico internacional de mulheres e prostituição interestadual.
Como foi cogitada a participação de políticos e pessoas influentes na morte da jovem, o assunto foi um dos mais comentados no Estado. Hoje, o superintendente da Polícia Federal, Nivaldo Farias de Almeida negou qualquer influência política. "Sei que se aproxima das eleições, mas não sofro de qualquer tipo de influência política ou religiosa. Isso é conversa fiada", disse o superintendente.
A investigação
Em 10 meses de investigação, a PF ouviu 150 pessoas, entre namorado, empresários, pedreiros e até o secretário de Segurança Pública do Piauí, Robert Rios Magalhães. Foram feitos exames de DNA em mais de 100 suspeitos e foram coletados como provas 11.825 arquivos de áudio. O corpo da estudante chegou a ser exumado.
O delegado José Edilson Freitas, que presidiu o inquérito, apresentou uma simulação em três dimensões dos últimos passos da estudante no dia em que foi encontrada morta. Ele revelou também que Fernanda Lages teve um surto psicótico, possivelmente causado pela ingestão de quatro medicamentos - nortriptilina, flunarizina, atenolol e piroxicam - que a estudante tomava contra enxaqueca crônica.
Freitas informou que Fernanda morreu por volta das 5h30, e que entrou sozinha na obra. "O que constatamos nos laudos foi a sugestão de suicídio, mas não podemos descartar também uma queda acidental", afirmou o delegado. No entanto, o perfil traçado da jovem era de alguém alegre, que gostava de se divertir. "Não sabemos os motivos que a levou ao suicídio, pois essa vontade estava só na cabeça dela", disse durante coletiva.
Na investigação, de acordo com o delegado, não há indícios de homicídio. As provas demonstraram que ela entrou sozinha na obra e que todas as lesões encontradas no corpo são explicadas unicamente pela ação da queda. A perícia constatou hematomas nas coxas direita e esquerda, quadril, cintura e costas. Também constatou-se que ela não tinha envolvimento com o tráfico de mulheres.
Exames feitos na Paraíba, em São Paulo e em Brasília, revelaram que Fernanda Lages não foi abusada sexualmente e não estava grávida. Ela tinha, no entanto, elevado teor de álcool no sangue. "Ela tinha 1.17 miligrama de álcool por litro de sangue", afirmou o delegado.
Reação da família
A família da estudante reagiu após a divulgação do inquérito. O pai, ex-vereador de Barras (PI), Paulo Lages, informou que não acredita no resultado e, se for preciso, acionará a Anistia Internacional.
Os promotores Eliardo Cabral e Ubiraci Rocha, que acompanham o caso, já anunciaram que a investigação irá continuar. Porém, não informaram se será uma apuração do próprio Ministério Público ou se voltará para a Polícia Civil.
Fonte: Portal Terra Online
Edição: Antonio Luis
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