Último acidente ocorreu no dia 5 de outubro; piloto diz que teve alucinações.
'Vou continuar pilotando', garante Jonas Guilherme.
No acidente, Jonas sofreu um pequeno corte na
testa
e escoriações pelo corpo (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
e escoriações pelo corpo (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
O primeiro acidente ocorreu em 1981. Jonas lembra que logo que decolou da pista do antigo aeroporto de Rio Branco, no bairro 6 de Agosto, no Segundo Distrito, o motor do avião de pequeno porte Bonanza parou de funcionar. "Eu voltei com o motor parado. Consegui pousar atravessado na pista, quebrei o avião, mas não machuquei ninguém", conta.
Já em 1991, o problema foi mais grave. O piloto diz que durante uma viagem entre o município de Sena Madureira para a capital, em um avião Sertanejo, uma pane na hélice e a grande quantidade de fumaça que havia no local, causaram o segundo acidente. Dessa vez, entre os tripulantes estavam uma mulher e uma criança, que sofreram escoriações.
O helicóptero passava, mas ninguém me via"
Jonas Guilherme
Mesmo assim, ao avaliar as experiências, Jonas é direto ao dizer que o terceiro acidente foi o pior dos três. Foram exatamente 75 horas perdido na floresta sem comida e sem água potável. Após 15 minutos da decolagem, o piloto lembra que o motor do Cessna 182 começou a apresentar problemas. O outro agravante era um intenso nevoeiro na região.
"Eu passei por cima de um lago, mas não deu para descer, porque eu já estava baixo demais. Se eu tentasse, podia estourar, porque estava com pouca velocidade. Quando parou o motor, o avião bateu numa árvore, isso a uns 40 metros de altura. Bateu em alguns galhos, que o amorteceram, e desceu, de nariz. Só escutei a pancada", descreve.
Momento em que piloto Jonas Guilherme foi resgatado (Foto: Douglas Barros/ Arquivo pessoal)
A preocupação inicial do piloto era da aeronave incendiar. Mesmo após
as poltronas caírem e o imprensarem no painel, Jonas conseguiu encontrar
a bateria e desligar. Em seguida, passou a se esforçar para sair do
avião.
Grito, eu escutava todo dia, tinha alucinação"
Jonas Guilherme
36 horas sem dormir
Por achar que não conseguiria caminhar muito tempo na mata, Jonas decidiu ficar próximo ao avião. Ele conta que, em nenhum momento, chegou a duvidar que seria resgatado. "Eu estava inteiro, então, pensei que uma hora alguém ia me encontrar. Pensei em sair andando, mas eu não ia aguentar andar muito. O helicóptero passava, mas ninguém me via, porque o avião caiu 'embicado' e ninguém via por causa da mata", explica.
Em relação à sobrevivência, o piloto diz que passou as primeiras 24 horas sem beber água. O acidente ocorreu por volta das 8h do domingo (5). "Quando foi às 8h da segunda-feira [6], eu vi um lago há uns 15 metros, um igarapé cheio de mato, não tinha muita água. Peguei uma sacola de plástico no avião, tirei um pouco de água, uns dois litros, coei com a camisa e tomei", lembra.
Aeronave Cessna 180 caiu entre árvores, após motor parar de funcionar (Foto: Equipe de busca/PM)
Jonas conta também que, após o acidente, passou 36 horas sem dormir.
Ele usava a porta do avião para se recostar e descansar. "Eu sentava na
porta do avião, deitava com a mochila na cabeça e ficava com as pernas
para fora. Eu cheguei a tomar chuva um dia todo, era muita chuva, mas me
ajudou a pegar um pouco de água. Eu não tinha medo dos animais",
garante.Alucinações e Resgate
Devido ao tempo sem comer, o piloto diz que chegou até a ter alucinações. No momento do resgate, ao ouvir as vozes das pessoas da equipe de busca, percebeu que o drama havia terminado.
Interior da aeronave após queda
(Foto: Equipe de busca da PM)
"Grito, eu escutava todo dia, tinha alucinação. Mas eu ouvi um grito
diferente, vindo do outro lado desse igarapé seco. Eles perguntavam:
'Como está o piloto do avião? Está vivo?' e eu respondi: 'É ele que está
falando'. E oito mateiros vieram", relembra.(Foto: Equipe de busca da PM)
Depois de ser resgatado, o piloto foi encaminhado ao Hospital de Sena Madureira apenas para fazer exames.
Mesmo depois de três acidentes aéreos, Jonas nem cogita a possibilidade de parar. "Vou continuar pilotando", conclui.
Fonte: G1
Edição: Antonio Luis
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