Pesquisadores alemães desenvolveram vacina que pode ajudar
no controle de epidemias de gripe e eliminar a necessidade de doses
anuais
Vírus da gripe: as mutações sofridas pelo vírus dificultam o desenvolvimento de uma vacina para a doença (Thinkstock)
Todas as vacinas contra a gripe produzidas atualmente têm um calcanhar de aquiles: como o vírus evolui rapidamente, todo ano é necessário começar a produção praticamente do zero. Ainda é preciso contar com um pouco de sorte, já que a Organização Mundial da Saúde tenta adivinhar com meses de antecedência quais cepas estarão em circulação meses depois. Com tudo isso definido, levam até seis meses para as vacinas ficarem prontas.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Protective efficacy of in vitro synthesized, specific mRNA vaccines against influenza A virus infection
Onde foi divulgada: revista Nature
Quem fez: Benjamin Petsch, Margit Schnee, Annette B Vogel, Elke Lange, Bernd Hoffmann, Daniel Voss, Thomas Schlake, Andreas Thess, Karl-Josef Kallen, Lothar Stitz e Thomas Kramps
Instituição: Instituto Friedrich-Loeffler, na Alemanha
Resultado: A vacina experimental com RNA mensageiro testada em animais apresentou um resultado similar ou até melhor do que as vacinas tradicionais. Além disso, ela se mostrou eficaz em animais muito jovens e muito velhos,o que é um diferencial em relação as demais vacinas.
Tudo isso acontece porque duas proteínas, a hemaglutinina e a neuraminidase, que ficam na superfície do vírus, mudam constantemente. As duas proteínas são abreviadas simplesmente como H e N, por isso os vírus da gripe são conhecidos pela combinação HxNx, como o vírus da gripe aviária: H5N1.
Eis que uma nova vacina, ainda experimental, desenvolvida por pesquisadores do Instituto Friedrich-Loeffler, em Tübingen, na Alemanha, pode não só acelerar a produção das vacinas, evitando o alastramento de epidemias, como oferecer proteção para a vida toda. O estudo foi publicado neste domingo na revistaNature Biotechnology.
O segredo da nova vacina é ser feita com RNA mensageiro (RNAm)— molécula que informa às células quais proteínas devem ser produzidas. Sintetizado pela empresa de biotecnologia CureVac, do bilionário alemão Dietmar Hopp, dono da gigante do software SAP, o RNAm controla a produção da hemaglutinina e da neuraminidase, mas, ao contrário das proteínas, não sofre alterações. Teoricamente, uma dose ofereceria proteção por toda a vida. Outra vantagem é que esse RNAm é transformado em pó, por isso não precisa de refrigeração, como as vacinas tradicionais.
"O RNAm pode ser produzido em poucas semanas", disse ao site da revista New Scientist Lothar Stitz, do Instituto Friedrich-Loeffler. Uma injeção de RNAm ativa o sistema imunológico, que passa a reconhecer as proteínas dos vírus, protegendo o corpo da gripe. A vacina experimental com o RNAm testada em animais apresentou um resultado similar ou até melhor do que as vacinas tradicionais. Além disso, ela se mostrou eficaz em animais muito jovens e muito velhos,o que é um diferencial em relação as demais vacinas.
Uma versão para seres humanos, no entanto, ainda está longe de virar realidade — ainda são precisos testes para determinar sua segurança e eficácia.
Agilidade — A velocidade na produção de vacinas é essencial para o combate a pandemias de gripe. Tradicionalmente, a vacina é produzida por meio de um processo que utiliza ovos de galinha. Recentemente, porém, algumas empresas começaram a utilizar culturas celulares animais para fabricar a vacina, processo que recebeu aprovação do Food and Drug Administration (FDA, órgão americano que regula a comercialização de alimentos e remédios) no dia 20 de novembro.
(Com Agência Reuters)
Fonte: Revista VEJA Online
Edição: Antonio Luis
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