terça-feira, 3 de abril de 2012

Paulo Coelho nunca foi amigo do meu pai, diz filha de Raul Seixas




Ale Manzano/Divulgação
Filha caçula do cantor Raul Seixas, Vivi Seixas (foto) segue os passos do pai na música, mas atua como DJ de house music
Filha caçula do cantor Raul Seixas, Vivi Seixas (foto) segue os passos do pai na música, mas atua como DJ de house music
Vivi Seixas tinha oito anos quando seu pai, Raul Seixas, morreu vítima do consumo excessivo de álcool em agosto de 1989.
"Tenho lembranças lindas dele me ensinando sobre Elvis Presley e tocando para eu cantar", conta em entrevista ao "Guia".
Sobre Paulo Coelho, a filha caçula do "maluco beleza" diz que, "diferentemente do que as pessoas pensam, ele nunca foi amigo do meu pai, e, sim, parceiro musical" (leia abaixo a entrevista).
Prestes a completar 31 anos, Vivi é uma das mais de 50 personagens que deram seus depoimentos para compor o documentário "Raul, O Início, O Fim e o Meio", dirigido por Walter Carvalho.
"O filme é bom, porém, assim como meu pai, tem defeitos. A decadência e a morte dele ganharam um tom pesado e que resvala no 'pieguismo'", diz a atual DJ, que segue os passos do pai na música, influenciada pela forma com que ele mesclava vários estilos.
"Gosto de misturar as vertentes da house music, sem ficar presa em uma só. Preparei um set com algumas músicas como 'Mosca na Sopa', 'Carimbador Maluco' e 'Rock das Aranhas'. Todas com uma pegada mais moderna".
Além de Vivi e das outras duas filhas de Raul, amigos e parceiros --como Caetano Veloso, Marcelo Nova, Tom Zé e Paulo Coelho-- e quatro grandes companheiras também participam do filme, com declarações que ajudam a apresentar uma imagem da lenda do rock nacional.
ABAIXO, LEIA O BATE-PAPO COM VIVI SEIXAS:
Divulgação
Lenda do rock nacional Raul Seixas e sua filha caçula Vivi Seixas, que adorava a barba do pai quando criança
Lenda do rock Raul Seixas e sua filha caçula Vivi Seixas (foto), que adorava a barba do pai quando criança
Guia Folha - Qual sua avaliação sobre o documentário?
Vivi Seixas - O filme é bom, porém, assim como meu pai, tem defeitos. Com mais de duas horas de duração, o documentário ficou excessivamente longo. A decadência e morte dele ganharam um tom pesado e que resvala no "pieguismo" --o diretor leva a empregada Dalva a revisitar o apartamento onde ele faleceu. Na verdade, ele priorizou diversas cenas com esse caráter mais subjetivo, como a dança de Elvis Presley feita por um amigo de infância de Raul ou quando vemos, por exemplo, o ator Daniel de Oliveira revelando que seu filho se chama Raul, ou até quando o jornalista Pedro Bial canta uma das músicas do ídolo.
Abordou fielmente a vida do seu pai?
A obra de Raul é maior do que caberia em apenas um filme. Há mais a ser falado, mostrado... Principalmente, em relação à criação musical.
Qual a parte que mais te emociona ou te marca no filme?
A parte final me fez lembrar quando eu estive em São Paulo no apartamento da rua Frei Caneca, três meses antes da morte dele. Fomos juntos a uma padaria pela manhã, juntos, e chorei quando ele pediu um chope. Mesmo sem saber exatamente da sua doença, eu pressenti que alguma coisa estava muito errada.
Ainda tem contato com amigos e parceiros de seu pai, como Paulo Coelho?
Paulo Coelho, diferentemente do que as pessoas pensam, nunca foi amigo do meu pai, e, sim, parceiro musical. Como o próprio Paulo já declarou, eram "inimigos íntimos". Mantenho contato, sim, com os amigos Rick Ferreira, Claudio Roberto, Sylvio Passos e Marcelo Nova.
Qual a música de seu pai que você mais gosta?
"Ângela" e "Lua Cheia": duas músicas que ele compôs pra Kika, minha mãe. Ela foi realmente a grande paixão do meu pai e a única que trabalhou sua obra durante todos esses anos. Pena que ela não suportou as crises de alcoolismo dele. Eu tinha 5 anos, e ele ficava constantemente internado.
O Raul tem essa fama de doido, maluco beleza. Mas como ele era em casa? Como era seu relacionamento com ele?
Diferente da fama era uma pessoa extremamente educada, caseira e amorosa. Tenho lembranças lindas dele me ensinando sobre Elvis Presley e tocando para eu cantar.
Quando ele morreu você era pequena. Como foi assimilar a perda?
Como para qualquer criança, foi difícil para mim, mas o que me ajudou muito --e ajuda até hoje-- é ter a voz dele para eu escutar quando quiser. Isso ameniza muito a saudade.
Em relação à sua profissão: como começou? Vai tocar em alguma casa em SP? Quais os planos?
Depois de muitos anos me questionando, em 2004, resolvi assumir o meu lado musical, completamente diferente do meu pai. A house music é a minha forma de expressão. Mas nenhuma festa marcada em São Paulo. Mas adoraria tocar no D- Edge [clube da zona oeste de São Paulo].
A música de seu pai influencia no seu trabalho de DJ?
Como homenagem a Raul, preparei um set com algumas músicas como "Mosca na Sopa", "Carimbador Maluco" e "Rock das Aranhas". Todas com uma pegada mais moderna. O que me influencia é a forma que meu pai tinha de misturar vários estilos. Do baião ao tango, do rap ao forró. Gosto de misturar as vertentes da house music, sem ficar presa em uma só.

Fonte: Folha.com
Edição: Antonio Luis

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