sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A CIÊNCIA A SERVIÇO DA VIDA



Irmãos salvadores

Thoncksotck
Como você se sentiria se fosse concebido para ser um irmão salvador?  
Na semana passada os jornais noticiaram o caso da recém-nascida Maria Clara que havia sido selecionada para salvar sua irmã Maria Vitória afetada por talassemia. Trata-se de uma doença genética do sangue que causa uma anemia profunda. Os afetados têm que se  submeter a transfusões de sangue constantes o que não é fácil principalmente para uma criança. Por outro lado, as talassemias, leucemias e anemias fazem parte das doenças hematológicas que podem ser tratadas com células-tronco hematopoéticas,  obtidas de sangue de cordão umbilical ou de medula óssea. Aliás, nesse grupo de doenças podemos falar sim de tratamento com células-tronco e não tentativa clínica que é o que está sendo testado com outras doenças
O que é a talassemia?
A talassemia  é uma doença hereditária causada por insuficiência  na  síntese de uma das cadeias da globina, que formam a hemoglobina, a molécula responsável pelo transporte de oxigênio no sangue. A  consequência é uma anemia severa. A herança é autossômica recessiva. Isto é, para ser afetada a criança precisa receber duas mutações: uma do pai e outra da mãe. As pessoas que têm uma só mutação (heterozigotos) em geral não são clinicamente afetadas.
 A importância dos bancos públicos
O caso de Maria Vitória e de outros casais que estão submetendo-se a esse procedimento para conseguir um doador compatível  reforça o que tenho repetido constantemente: a importância de se ter bancos públicos de cordão umbilical. Se tivéssemos bancos públicos com muitos milhares de amostras de sangue de cordão umbilical estocados, como por exemplo, a Eurocord (na Europa)  a chance de achar um doador compatível para Maria Vitória  e de tantos outros que sofrem de leucemias ou outras doenças hematológicas seria enorme. E os pais não teriam que submeter-se a todo o stress de ter que selecionar um embrião compatível.
É ético selecionar um embrião para ser doador de um irmão ou irmã?
Toda vez que anunciam casos como esses surgem as questões éticas. Já escrevi a respeito anteriormente e volto a discutir esse assunto no meu livro gen ÉTICA. Todos os casais que passaram por isso afirmam que ao invés de perder um filho ganharam dois. É impossível não apoiar essa decisão. Será que vão gostar da criança  resultante do embrião selecionado? Não tenho dúvidas a respeito. No momento que você vê o bebê, a paixão é imediata. Quem tem filhos sabe do que estou falando.
Mas e a pessoa  que foi concebida e selecionada  para salvar um irmão?
Como ela se sente a respeito? Coincidentemente essa questão surgiu em um debate recente com jornalistas e público.  ”A dignidade humana é um fim em si mesmo e não um instrumento para terceiros. Você gostaria  de ter nascido para ser usada só porque os pais precisavam de um doador? Essa é uma boa perspectiva para vir ao mundo”, me perguntou um jornalista. Quem assistiu ao debate sabe minha resposta mas achei interessante ouvir a opinião de vocês, caros leitores. E então repito:  ”Você gostaria  de ter sido selecionado e nascido para ser usado porque  seus pais precisavam de um doador?
Fonte: Veja Online
Edição: Antonio Luis

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