Estudo americano desvenda mecanismo pela qual o peixe amazônico se tornou imune a um dos mais poderosos predadores
Escamas resistentes e flexíveis protegem o pirarucu (Thinkstock)
Cientistas americanos desvendaram o segredo do pirarucu (Arapaima gigas) para sobreviver a lagos e rios infestados de piranhas na Amazônia: escamas que combinam rigidez e resistência com elasticidade. O peixe brasileiro tem uma armadura natural que pode inspirar a produção de materiais industriais. A descoberta foi publicada em um artigo na revista Advanced Engineering Materials.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Battle in the Amazon: Arapaima versus Piranha
Onde foi divulgada: revista Advanced Engineering Materials
Quem fez: M. A. Meyers, Y. S. Lin1, E. A. Olevsky e P.-Y. Chen
Instituição: Universidade da Califórnia, EUA
Dados de amostragem: Escamas do pirarucu e dentes de piranhas
Resultado: A composição com duas camadas, uma de cálcio e outra de colágeno, protege os órgãos internos do pirarucu dos ataques de cardumes de piranhas.
A lenda do pirarucu chegou aos ouvidos do engenheiro mecânico Marc Meyers, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, durante uma temporada de pesca esportiva no norte do Brasil. O peixe, que chega a três metros de comprimento e pode pesar até 200 quilos, é o único que consegue conviver com as piranhas em cursos d'água. Outros peixes, gado e até seres humanos que entram na água onde vivem cardumes de piranhas não costumam escapar de seus poderosos dentes.
O pirarucu é considerado um fóssil vivo por guardar características de peixes ancestrais, como pulmões. Ele precisa subir à superfície para respirar constantemente. Nesse momento, os pescadores tentam fisgá-lo jogando um grande pedaço de carne perto de sua boca. Se ele não morde a isca, em poucos segundos as piranhas acabam com ela.
Curioso, Meyers resolveu estudar as escamas do pirarucu em seu laboratório. E descobriu que, além de grandes, com até 10 centímetros de comprimento, elas tinham duas camadas. A exterior é a mais resistente e contém muito cálcio, elemento que também dá rigidez a nossos ossos. A parte interna, por outro lado, é feita de um material maleável, ainda que bastante resistente, o colágeno, que nos seres humanos está mais presente nas articulações.
O pirarucu é considerado um fóssil vivo por guardar características de peixes ancestrais, como pulmões. Ele precisa subir à superfície para respirar constantemente. Nesse momento, os pescadores tentam fisgá-lo jogando um grande pedaço de carne perto de sua boca. Se ele não morde a isca, em poucos segundos as piranhas acabam com ela.
Curioso, Meyers resolveu estudar as escamas do pirarucu em seu laboratório. E descobriu que, além de grandes, com até 10 centímetros de comprimento, elas tinham duas camadas. A exterior é a mais resistente e contém muito cálcio, elemento que também dá rigidez a nossos ossos. A parte interna, por outro lado, é feita de um material maleável, ainda que bastante resistente, o colágeno, que nos seres humanos está mais presente nas articulações.
Poucos animais resistem aos dentes afiados da piranha amazônica
Testada em uma máquina que imita a mordida das piranhas, a 'pele' do pirarucu se mostrou extremamente resistente. A mordida é tão forte, afirma o estudo, que apenas a rigidez garantida pelo cálcio não seria suficiente para resistir ao ataque. As escamas quebrariam, oferecendo aos predadores a tenra carne do pirarucu.
"É um estudo muito bem feito", comentou o pesquisador de materiais do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), também nos EUA, ao site da revista Science. Ele lembrou que a combinação de materiais diferentes para formar uma estrutura que assume novas características é uma ideia comum na natureza que os homens tentam imitar na indústria.
Fonte: Veja Online
Edição: Antonio Luis
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