Vaga na Câmara pode ser ocupada por suplente
que é processado por assassinato. Ele está em
liberdade vigiada e precisa usar um acessório de
rastreamento eletrônico
Pedro Marcondes de MouraRUMO AO CONGRESSO
Preso em 2011, Francisco Tenório (PMN) utiliza uma tornozeleira de monitoramento
Dizer que a Justiça segue os rastros de um integrante da Câmara dos Deputados pode deixar de ser uma mera figura de linguagem. Apontada como favorita à prefeitura do município de Arapiraca, segundo maior colégio eleitoral de Alagoas, a deputada federal Célia Rocha (PTB) tem como herdeiro natural de sua vaga um personagem controverso no meio político e policial de Alagoas: Francisco Tenório, do PMN, conhecido como Chico Tenório. Delegado de carreira, ex-deputado estadual e federal, ele usa, desde fevereiro deste ano, uma tornozeleira de monitoramento eletrônico. O acessório foi uma das imposições para que o ex-parlamentar, acusado de participação nos assassinatos de um cabo da Polícia Militar em 1996 e de um fazendeiro em 2005, deixasse a prisão após um ano para responder às denúncias em liberdade vigiada. Ele havia sido preso em fevereiro de 2011. Agora, em caso de vitória da deputada, Chico Tenório deixará a condição de primeiro suplente conseguida nas urnas em 2010 para andar de tornozeleira pelos tapetes do Congresso Nacional.
Segundo o cientista político Ranulfo Paranhos, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o caso envolvendo Chico Tenório não é mais considerado incomum em Alagoas. “Casos de políticos acusados de mandarem matar adversários ou desafetos, infelizmente, não chocam mais a sociedade alagoana”, lamenta o professor. “Ele foi preso, mas não é o único. Aqui há atualmente deputados estaduais, federais e prefeitos acusados desse tipo de crime que acabam protegidos pelas prerrogativas do cargo”, analisa. O próprio Chico Tenório conseguiu protelar a prisão até 2011, pois ocupava uma cadeira na Câmara Federal. Ele já havia sido deputado federal de 2006 até 2010. Essa condição lhe garantiu foro privilegiado, só permitindo que fosse julgado por instâncias superioras.
O advogado de Francisco Tenório, Fernando Maciel, lembra que, na hipótese de um retorno do seu cliente ao Congresso, as acusações contra ele só poderiam ser julgadas pelo Supremo Tribunal Federal. “Por um lado é bom, pois seria uma decisão mais técnica sem clamor social. E em caso de condenação, porém, não teria mais para onde recorrer”, analisa o advogado, que diz acreditar na inocência do cliente. “Não existem provas contra ele. Tenório não possui nenhum envolvimento com os crimes.” Enquanto isso, de tornozeleira, Chico Tenório aguarda o seu futuro ser decidido pelo Judiciário ou pelos votos na eleição municipal de Arapiraca.
Fonte: Revista ISTOÈ Online
Edição: Antonio Luis
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