sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Baixo índice de colesterol não exclui risco de ataque cardíaco


Médicos alertam que analisar os índices de colesterol separadamente é um equívoco perigoso. A taxa pode ser considerada alta, e o indivíduo ser perfeitamente saudável, e vice-versa.

Éverton Oliveira - Redação Saúde Plena 
Muita gente tende a ver o check-up de maneira simplificada demais. E ao analisar uma série de resultados de exames sobre o andamento da saúde, observa a taxa de colesterol como grande prioridade. E por trás dessa preferência está escondido um mito, gerado pela simplificação desta importante análise: as pessoas aprendem que níveis baixos de colesterol significam alívio, enquanto que o colesterol alto representa preocupação e risco de ataque cardíaco. Mas o HypeScience – site que apresenta conteúdo científico voltado para a saúde e outras áreas –  alerta que a relação não é tão simples assim, o que tem preocupado médicos americanos. 

Segundo artigo assinado por Stephanie D’Ornelas publicado no site, o que prova que o colesterol medido em exames não quer dizer necessariamente que exista um risco iminente de infarto é que os níveis de quem tem problemas cardíacos é quase igual ao de pessoas saudáveis, ou seja, não há diferença notável. Tanto, que o nível médio de colesterol LDL (o chamado “colesterol ruim”) de quem está no hospital, com problemas no coração, é de 105, o que é considerado “quase ideal”. Metade dos pacientes americanos, em 2009, tinha LDL abaixo de 100, cuja classificação costuma ser “de baixo risco”.

É também em apenas metade dos pacientes com ataque cardíaco que se verificou “colesterol alto” (acima de 240), e 20% deles tinham essa taxa abaixo de 200, o que os coloca na taxa “segura” quanto a problemas no coração. O colesterol analisado isoladamente, portanto, não representa um bom indicador para avaliar a saúde do coração.

Esse “falsa medida” acontece porque os exames medem o colesterol a partir do sangue. Esse exame desconsidera, por exemplo, o LDL que se acumula em placas na parede dos seus vasos sanguíneos, que é justamente o que entope artérias e pode causar infartos.

Este engano causa dois problemas. Uma pessoa pode ter a parede limpa de LDL, mas uma taxa elevada de colesterol no check-up. Não é motivo para preocupação, mas ela provavelmente vai gastar um bom tempo em consultórios até se convencer disso. O inverso é ainda pior. O paciente recebe a taxa de colesterol no sangue, que é tida como normal, mas ignora que suas artérias estão se obstruindo com muros de LDL, e o ataque cardíaco pode ser fulminante.

Os dois tipos de colesterol, “LDL” (o ruim) e o “HDL” (bom) se equilibram no corpo. A “virtude” do HDL é justamente a capacidade de retirar as placar de LDL das paredes da artéria e limpar as vias sanguíneas. Quando a quantidade de LDL ultrapassa capacidade de limpeza do HDL, a artéria começa a se obstruir. Estudos recentes também apontam que o “bom colesterol” em excesso pode representar riscos à saúde do coração. Ainda não se conhecem com precisão os níveis saudáveis dessa balança entre os dois tipos de colesterol, mas é certo que eles exercem papel significativo nos casos de doenças cardiovasculares.

Portanto, você não deve confiar plenamente quando seu índice de colesterol é dado como bom. Muitas outras variáveis estão envolvidas na avaliação de como anda a saúde do seu coração. Nesse sentido, a realização sistemática de check-ups continua sendo importantíssima. Escute os conselhos de seu médico e dê atenção a todas as outras referências ponderadas nos exames. Só assim você terá garantias de uma Saúde Plena! 

Fonte: Correio Braziliense
Edição: Antonio Luis

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