As casas de Serra Pelada ainda são as mesmas dos primeiros garimpeiros que chegaram à região. São barracos improvisados com pedaços de madeira. Ainda é possível encontrar placas em que se identificam os "dormitórios", como eram conhecidos os hotéis improvisados que abrigavam os garimpeiros.
Em 17 e 18 de agosto, o G1 esteve em Serra Pelada e mostra em uma série de reportagens o projeto e a estrutura da nova mina, o cotidiano da localidade e a esperança dos que ainda não desistiram do sonho de encontrar ouro.
Desde o início dos anos 1980, quando a busca pelo ouro teve início na região, Serra Pelada nunca recebeu uma camada de asfalto. Imensos buracos na rodovia BR-155 dificultam o acesso à localidade a partir de Marabá (PA). A visibilidade na estrada de terra é reduzida, em razão das queimadas na região.
Mas o asfalto ainda não está nos planos da empresa canadense Colussus, que, em parceria com a cooperativa dos garimpeiros, prepara a retomada da exploração de minério em Serra Pelada. Ao todo, a previsão de investimentos da empresa na região é de R$ 320 milhões até 2013.
"Vivemos a realidade da nossa região, e sabemos que eles precisam de ajuda. Fazemos a manutenção da estrada da localidade, mas não temos previsão de asfalto", diz o diretor-geral da Colossus no Brasil, Paulo de Tarso Serpa Fagundes.
A Prefeitura de Curionópolis estima que cerca de 6 mil pessoas morem na localidade. Segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 18,2 mil pessoas vivem no município de Curionópolis, ao qual pertence a localidade de Serra Pelada.
No único posto de gasolina de Serra Pelada, é de forma artesanal que se abastecem os veículos que circulam na localidade, basicamente motos.
O telhado do posto é feito de palha. A única bomba de combustível só funciona se alguém estiver mexendo em uma manivela instalada dentro do compartimento por onde o combustível é colocado.
O chamado "pau da mentira", tronco de uma árvore que fica bem na entrada da vila, usado pelos garimpeiros como ponto de encontro para contar o que acontecia no garimpo, ainda está no mesmo lugar, mas a movimentação em torno da árvore diminuiu. Sem ouro em abundância como no início dos anos 1980, faltam contadores de histórias.
"Ninguém vive aqui. A gente sobrevive. A gente veio para cá com a ilusão do ouro. Não tinha num mês, esperava o outro. E assim se passaram meses e anos. Hoje, a gente está velho e continua aqui", diz o garimpeiro José Chaves Farias, que mora em Serra Pelada desde 1982.
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Sem estrutura e com o esgoto correndo a céu aberto, Serra Pelada apresenta elevada incidência de hanseníase e de portadores do vírus da Aids, segundo dados da prefeitura.
Uma recente bateria de exames feita pelo posto de saúde da localidade apontou que, de 96 pessoas submetidas a exames, 45 eram portadores do vírus HIV, da Aids.
Programas de prevenção estão sendo organizados pela prefeitura e pela empresa eColossus, a fim de auxiliar na redução dos problemas de saúde da comunidade.
Dentes de ouro
Aos 82 anos, o cearense Mariano da Silva chegou à região de Serra Pelada em abril de 1980, e desde então nunca mais deixou o local. Da grande cava aberta pelos primeiros garimpeiros, Silva guarda as lembranças e algumas gramas de ouro, transformadas em quatro dentes.
Aos 82 anos, o cearense Mariano da Silva chegou à região de Serra Pelada em abril de 1980, e desde então nunca mais deixou o local. Da grande cava aberta pelos primeiros garimpeiros, Silva guarda as lembranças e algumas gramas de ouro, transformadas em quatro dentes.
"Eu tinha um pouco de ouro que guardei e coloquei nos dentes. Eu acho bonito. Fico olhando no espelho os dentes de ouro", conta o garimpeiro.
http://g1.globo.com/economia/fotos/2011/09/fotos-da-nova-mina-de-serra-pelada-no-para.html#
Fonte: G1
Edição: Antonio Luis
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