quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Herdeira de empresário conta como crack destruiu o seu pai

Isabella Lemos (Herdeira)
“Desde os anos 70 o crack é uma droga do high society. Só que ninguém fala.” A afirmação é de Isabella Lemos de Moraes, filha mais velha de João Flávio Lemos de Moraes, um dos herdeiros do outrora poderoso grupo Supergasbras, onde chegou a ocupar o posto de vice-presidente do Conselho de Administração. Em entrevista, sua filha detalha agora o drama familiar: durante sua adolescência e juventude, Isabella viu o pai virar dependente químico e, mais tarde, ser diagnosticado com transtorno bipolar.
“O crack destruiu meu pai, e minha família também adoeceu”, diz Isabella, a mais velha de quatro filhos do empresário (há quatro anos, a família descobriu que João Flávio teve uma filha, Hailey, de 18 anos, nos Estados Unidos, em uma relação extraconjugal). Ela planeja organizar um livro contando os dramas e as histórias de superação da sua família, conforme antecipou a colunista Lu Lacerda .
A ideia, segundo Isabella, surgiu em 1990 quando ela leu “Little Girl Lost”, a autobiografia da atriz norte-aricana Drew Barrymore sobre a dependência de álcool e droga. Isabella afirma que nunca usou drogas, mas viu seus dramas mais íntimos relatados no livro da atriz. Desde então, quis compartilhar sua experiência, mas só agora – após dois anos ininterruptos de análise – começa a elaborar tudo o que viveu.
A família de Isabella ficou conhecida graças ao império Supergasbras Distribuidora de Gás S/A, fundado por seu avô Wilson Lemos de Moraes, que faleceu no ano passado. O clã alienou a empresa em 2004, quando passou a se dedicar à parceria com a montadora Scania, de quem é representante para a América Latina. Os Lemos de Moraes também atuam no agronegócio, com fazendas de café e criando gado para corte.
"Na alta sociedade tem muita gente usando crack e a família não fala porque parece ser aquela droga suja, de rua"
Nas décadas de 1970 e 1980, João Flávio foi um personagem conhecido da sociedade carioca. Foi repetidas vezes mote de reportagens da extinta revista Manchete, homenageado especial no programa “Boa Noite, Brasil”, de Flávio Cavalcanti e amigo de Roberto Carlos, que se tornou padrinho de seu filho João Flávio Lemos de Moraes Filho. Colunas sociais da época o tratavam como o “Alain Delon” brasileiro, em referência à beleza e ao poder de sedução do famoso ator francês.
Nos anos 1980, João Flávio se mudou com a família para Los Angeles (EUA). “Foi lá, aos 10 anos, que descobri que meu pai era viciado”, conta Isabella. A partir daí, segundo ela, a família passou a acumular uma série de histórias tristes que ela pretende compartilhar no livro que prepara, para “contar casos de superação”. Ela própria sofreu crises de anorexia e bulimia, e hoje entende isso como um pedido de socorro de uma jovem diante de uma família que também adoeceu com a dependência química do pai.
Procurado por e-mail e por telefone, João Flávio – livre das drogas há cerca de 5 anos – nada comentou sobre a decisão da filha de relatar em livro as histórias da família. Isabella diz que será cautelosa na edição: “Minha família vai ler tudo antes. A ideia não é expor ninguém, mas contar como um ambiente com drogas pode ser muito ruim para todos os que vivem nele”, explica. “Quero que minha história possa ajudar outras pessoas, assim como o livro da Drew Barrymore me ajudou”, diz.
Aos 35 anos, ela cursa o quarto período de jornalismo na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Isabella é mãe de um adolescente de 15 anos e atualmente está solteira. Seu maior projeto no momento é se dedicar à profissão escolhida. “Quero escrever uma coluna em revista, sobre coisas que possam ajudar as pessoas”, diz.

Fonte: IG
Edição Antonio Luis



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