quinta-feira, 9 de junho de 2011

Caseiro quer a condenação de ex-ministro Palocci

Ex-Caseiro Francenildo Costa
De São Sebastião, cidade-satélite de Brasília onde vive, o jardineiro Francenildo dos Santos Costa, de 28 anos, recebeu com ressalvas a notícia sobre a segunda queda de Antonio Palocci, desta vez do cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Autor da denúncia que contribuiu para a primeira saída de Palocci, em 2006, do governo Lula, o ex-caseiro defende que, ao sair novamente pela porta de trás da administração federal, Palocci deveria ter dado explicações mais detalhadas sobre suas atividades como consultor empresarial.
— Não sei se a pressão sobre ele foi como a que sofri. Hoje, não quero indenização. Quero a condenação dele — lembra.
Caseiro de uma mansão em Brasília frequentada pelo ex-ministro e seus amigos de Ribeirão Preto (SP), Francenildo confirmou à CPI dos Bingos, em 2006, que havia visto Palocci na casa, onde supostamente ocorriam negociações suspeitas e festas com garotas de programa. Dias depois, Francenildo teve o sigilo bancário violado pela Caixa Econômica.
Hoje, Francenildo recebe R$ 700 como jardineiro. Sua mulher, que trabalha como copeira, outros R$ 700. Com a renda de R$ 1.400, a família paga um aluguel de R$ 300, por uma casa de dois quartos, sala e cozinha. Uma realidade bem diferente de Palocci, cujo patrimônio aumentou 20 vezes em quatro anos:
 Pensava que ele ia fazer o que eu fiz. Quando quebraram meu sigilo, tive que correr para provar que (o dinheiro na minha conta) não era lavado.
Leia outros trechos da entrevista que Francenildo deu ao EXTRA.

Qual sua opinião sobre a nova queda de Palocci?

A entrada dele (o ex-ministro Palocci) no governo já foi a maior confusão. É igual a casamento: você se separa, e, para casar de novo, antes deve limpar o nome no casamento anterior.

Como avalia as explicações do ex-ministro?

Ele é um homem público, tinha que fazer o básico. Comigo, o buraco foi mais embaixo. Até os meus colegas de trabalho diziam que eu estava recebendo dinheiro para falar aquilo dele. Ele não convenceu.. Se ele estava com o rabo preso, tinha que se $. Mas ele não deu as explicações.

Qual a sua expectativa sobre o processo que ainda move contra a Caixa?
Não quero indenização, quero a condenação dele.

O que espera agora?

Eu quero que ele cumpra com seus atos. Se eu entrasse num mercado para roubar um quilo de arroz para comer com a minha família, eu estaria preso e só sairia em quatro anos. Depois, nem arrumaria emprego. Por que o meu ponto de vista, o ponto de vista de um pobre, é diferente do ponto de vista de um rico, de um político?

Fonte: Extra
Edição: Antonio Luis

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