sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Em Vargem Grande (MA), 36% da população vivem em extrema pobreza


A renda média mensal dos moradores do município não passa dos R$ 156. Boa parte deles depende de ajuda do Governo Federal. Para quem tem no Bolsa Família a única fonte de renda, é difícil escapar da fome.



A equipe do JN no Ar foi para o Maranhão, mostrar como é a vida em um município do estado que tem o menor rendimento médio, segundo o IBGE.
A equipe encontrou muita gente sofrendo, reclamando por falta d’água e também usando uma água muito barrenta, que era só o que tinha. São brasileiros de Vargem Grande, no interior do Maranhão, que mal ganham para comer. A TV Mirante teve participação fundamental no trabalho, que começou nas primeiras horas do dia.
O avião do JN no Ar voou três horas do Rio até São Luis, capital do Maranhão. A equipe chegou no começo da madrugada e ainda não tinha amanhecido quando partiu para vargem Grande. Uma viagem de duas horas pelas BRs 135 e 222, onde a equipe flagrou 15 pessoas na carroceria de uma caminhonete.
Vargem Grande tem quase 50 mil habitantes, segundo o IBGE. Desse total, 36% da população vivem com a renda de até R$ 70, patamar considerado de extrema pobreza.
É assim que Dona Marlene vive. “A gente compra um quilo de carne, um fardo de arroz, e o que sobra? Nada. Mas a gente ainda precisa da roupa, do calçado, da rede para dormir”, lamenta.
A renda média mensal dos moradores de Vargem Grande não passa dos R$ 156, segundo o IBGE. Boa parte dos moradores depende de ajuda do Governo Federal. Nesta sexta-feira (18), por exemplo, era dia de entrega do Bolsa Família. A fila era grande desde as primeiras horas da manhã.
Para quem tem no programa social a única fonte de renda, é difícil escapar da fome. Dona Maria José e as duas filhas vivem com R$ 134, por mês, do Bolsa Família. Mas tem uma hora do mês que o dinheiro acaba e a comida também. Há cinco dias, só tem arroz para comer.
Em outra casa, pé de frango é o único alimento da família. Pelas ruas do centro da cidade, esgoto correndo a céu aberto. O mesmo acontece na porta do único hospital da cidade. A falta de saneamento básico, que abrange coleta de lixo e redes de água e esgoto, atinge mais de 50% da população.
O bairro de Fátima, um dos mais pobres da cidade, fica na periferia de Vargem Grande. A maior parte das casas é feita de taipa, não tem esgoto, a água corre pelo chão. E o uso do banheiro é uma dificuldade.
As famílias cavam poços atrás de água, mas não dá para usar porque tem muita sujeira no que encontram. A maior parte dos moradores tem que buscar água a muitos quilômetros de distância.
Uma família depende do único açude na zona rural e só encontra água barrenta: “Nós não temos outra opção, não temos poço, não temos nada. A água que temos é essa. Nossa solução é essa daqui”, diz uma moradora.
“É um município pobre e que não tem rendas próprias, infelizmente a gente tem que depender do Governo Federal e do governo do estado para que a gente possa fazer alguma coisa em benefício da população”, declarou Miguel Fernandes (PMDB), prefeito de Vargem Grande.
A economia que cresceu com base no comércio e na produção artesanal de cerâmicas, registra índices altos de desemprego e violência.
Outra carência do município de Vargem Grande é a educação. No povoado de Bananal, a única escola para as dez crianças da zona rural tem parede caída, cadeiras e mesas inadequadas para crianças pequenas e um teto que não protege da chuva.
O índice de analfabetismo no município é considerado alto pelo IBGE. “Muitas vezes, eles perguntam muito pela merenda. Que horas chega a merenda, se tem merenda, porque estão com fome. Aí atrapalha muito porque, às vezes, eles vêm mais pensando na merenda”, revela a professora Orlene Mesquita Silva.
Esta terra, onde direitos básicos só são conquistados com muita luta, é um pedaço do Brasil que muitos brasileiros não conhecem.
O governo do Maranhão enviou uma nota à equipe do Jornal Nacional, segundo ele, dando algumas explicações que influenciariam nesse resultado de o estado ter a menor renda média familiar, de acordo com o IBGE.
Uma das explicações seria o fato de que, no estado, as famílias têm muitas crianças e adolescentes, o que significa menos gente trabalhando, por isso um salário menor e renda mais baixa.
A outra explicação seria a grande concentração da população na zona rural, onde os salários são mais baixos e as rendas também.
O JN no Ar segue par Vinhedo, no interior de São Paulo, um dos estados mais ricos da União, para fazer uma comparação com Vargem Grande e mostrar as desigualdades sociais entre as duas cidades, segundo dados do IBGE.
Fonte: JN
Edição: Antonio Luis

2 comentários:

José María Souza Costa disse...

Aqui de Sampa, eu vi no Jornal Nacional, essa nota, que para nós Maranhenses, é calamitoso, para não usar uma outra expressão
Olá, passei lendo o seu blogue.
Estou lhe convidando a visitar, o meu. Bem simples, por sinal, e se possivel seguirmos juntos por eles. Estarei grato esperando por voce, lá
Um abraço.

A. LUIZ disse...

Caro José Maria
Primeiro, agradecer ao amigo por está acompanhando o meu Blog. Segundo dizer ao conterrâneo que fico bastante sofrido com essas notícias da nossa boa terra. Mais infelizmente, temos que noticiar. Assim como você, sou preciso sair da minha terra para buscar espaço em outros locais já que no meu lugar (Pres. Dutra) não consigo. Um grande abraço e estou a disposição do amigo.

Antonio Luis