Presidente da instituição foi afastada pelo período que durar sindicância.
Bombeiros informaram que médica plantonista recebeu voz de prisão.
Uma mulher de 27 anos, grávida de aproximadamente 30 semanas, perdeu os dois filhos gêmeos, nesta terça-feira (23), após falta de atendimento no Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Belém. Segundo informações da Polícia Civil, ela e o marido teriam sido impedidos de entrar no estabelecimento por um funcionário que estava na portaria, sem que tivesse comunicado os médicos de plantão. A alegação seria a falta de leitos na maternidade da Santa Casa.
A gestante permanece internada na Santa Casa, com quadro estável e sem previsão de alta.
Uma ambulância do Corpo de Bombeiros foi acionada pelo marido da gestante, que a encaminhou para o Hospital das Clínicas, que também não teria condições de prestar atendimento à paciente. Ela, então, foi levada novamente pelos bombeiros para a Santa Casa, onde teria sido impedida de entrar novamente.
Neste segundo momento, a médica que estava de plantão, teria se negado a prestar atendimento à gestante. Por essa razão, um dos bombeiros e um policial militar chegaram a dar voz de prisão à médica por negligência.
A prisão dela não foi confirmada pela Polícia Civil, que informou que a profissional de saúde foi detida para prestar esclarecimentos sobre o ocorrido e liberada em seguida. Segundo a Santa Casa, a médica que fez o atendimento no setor de triagem se apresentou espontaneamente à delegacia, acompanhada de testemunhas e dos procuradores da Santa Casa, para prestar esclarecimentos sobre o fato.
Enquanto esperava por atendimento, de acordo com os bombeiros, a gestante teve um sangramento e uma das crianças nasceu na ambulância da corporação, mas sem vida. A segunda criança nasceu, também sem vida, na Santa Casa.
A Polícia Civil ouviu o depoimento, na noite desta terça-feira, dos bombeiros que prestaram os primeiros socorros à gestante. A delegada responsável pelo caso, Maria do Socorro Picanço, apura os possíveis crimes de omissão de socorro e homicídio culposo, sem intenção de matar.
Demissão
Após tomar conhecimento da morte de dois bebês, o governador do estado, Simão Jatene, decidiu afastar a presidente da instituição, Maria do Carmo Mendes Lobato e a gerente de tocoginecologia, Florentina Balby, até que seja feita a total apuração do caso.
Após tomar conhecimento da morte de dois bebês, o governador do estado, Simão Jatene, decidiu afastar a presidente da instituição, Maria do Carmo Mendes Lobato e a gerente de tocoginecologia, Florentina Balby, até que seja feita a total apuração do caso.
No início da tarde desta terça-feira, Maria do Carmo Lobato, disse, em entrevista coletiva à imprensa, que acompanharia toda a investigação da Polícia Civil, para depois tomar as medidas necessárias. "Como medida de transparência e no maior interesse de esclarecer o episódio, estamos abrindo uma sindicância."
O secretário de Saúde Pública do Pará, Helio Franco, disse, em nota, que superlotação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal não poderia ser motivo para que a paciente deixasse de ser atendida. "Ela deveria, pelo menos, ter sido encaminhada para um leito, até que se procedesse a transferência para um hospital regulado pelo Sistema ùnico de Saúde (SUS), principalmente levando-se em consideração o fato de ser uma gravidez de risco."
Gravidez de risco e superlotação
Ainda de de acordo com nota da Santa Casa, a mãe tem diagnóstico de doença crônica e a gravidez era de risco. A Fundação Santa Casa acionou o Instituto Médico Legal Renato Chaves (IML) para fazer a autópsia dos bebês.
Ainda de de acordo com nota da Santa Casa, a mãe tem diagnóstico de doença crônica e a gravidez era de risco. A Fundação Santa Casa acionou o Instituto Médico Legal Renato Chaves (IML) para fazer a autópsia dos bebês.
Antes de ser afastada do cargo, Maria do Carmo Lobato disse que a superlotação enfrentada pela maternidade da Santa Casa tem origem em vários problemas, como falta de área de pré-natal adequada, gestação de risco e falta de assistência aos recém-nascidos prematuros e com afecções congênitas, além da regulação de leitos nos municípios.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) do Pará informou que vai abrir sindicância para apurar o ocorrido.
Fonte: G1
Edição: Antonio Luis
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