terça-feira, 18 de outubro de 2011

Cabo Anselmo diz que pode entregar nomes à Comissão da Verdade


Mais célebre agente duplo a serviço da ditadura (1964-1985), José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo, abriu caminho para revelar nomes de colaboradores da repressão militar em uma futura Comissão da Verdade.
Em entrevista na segunda-feira na reestreia do programa "Roda Viva", da TV Cultura, agora sob o comando do jornalista Mario Sergio Conti, cabo Anselmo impôs apenas uma condição: que a comissão não seja apenas "de um lado".
"Roda Viva" estreia hoje com Mario Sergio Conti no comando
Pedido de anistia de Cabo Anselmo não pode ser analisado, diz comissão
Ação de Anselmo é pré-64, diz policial
Alexandre Rezende/Folhapress
Agente duplo da ditadura, Cabo Anselmo durante entrevista do programa "Roda Viva", da TV Cultura
Agente duplo da ditadura, cabo Anselmo dá entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura
"Estou disposto a contar tudo desde que a Comissão da Verdade seja composta por gente tanto da direita quanto da esquerda", disse o ex-militar, que estima ter contribuído para a morte de até 200 pessoas durante o período do regime militar.
"Se querem saber alguns detalhes operacionais, seria muito interessante buscar nos agentes do Dops [Departamento de Ordem Política e Social] que ainda estão vivos", disse, no programa.
Ele ainda sugeriu que a comissão investigue auxiliares diretos do ex-delegado do Dops Romeu Tuma, morto no ano passado.
Anselmo, que em outras ocasiões disse ter colaborado com o governo militar apenas a partir da década de 70, voltou a cobrar anistia do governo federal e um ressarcimento pelo tempo que ficou fora da Marinha.
"Se houve uma anistia, a expulsão deixou de existir. Logo, esse tempo que deixei de ficar na Marinha deveria ser ressarcido", disse Anselmo, que vive sem identidade desde que foi expulso da Marinha por liderar uma rebelião em 1964.
Isento de arrependimento por colaborar com a ditadura, ele diz que pensava contribuir "para abreviar a insanidade da luta armada".
Anselmo conta que "havia toda uma trama política entre os marinheiros" para que chegassem àquela situação, e diz que não tinha consciência do que representava o motim na época.
O movimento precipitou a queda do presidente João Goulart e o golpe militar.
Sem citar nomes, o ex-militar disse que hoje em dia vive graças a recursos que recebe de três empresários.
Fonte: Folha.com
Edição: Antonio Luis

Nenhum comentário: