quinta-feira, 31 de maio de 2012

CHEIAS DE CHARME: "De onde saíram as curicas"?



Chayene (Cláudia Abreu): piauiês é um charme a mais para a personagem (Divulgação/Globo)
Parte do charme e, consequentemente, da graça e do sucessso de Chayene (Cláudia Abreu) tem a ver com os termos regionais que ela usa, que soam muito divertidos. Nos últimos capítulos de Cheias de Charme, por exemplo, depois de ter sido surpreendida pela popularidade alcançada por duas ex-funcionárias, ela deu para chamar o trio As Empreguetes de “curicas”.
Uma busca rápida no Google, e descobre-se que se trata de uma espécie de papagaio pequeno, comum na Amazônia. E a associação imediata é que Chay quer dizer que Rosário (Leandra Leal), Penha (Taís Araújo) e Cida (Isabelle Drummond) são cantoras estridentes – daí serem curicas. Nada disso. “No sentido piauiense, é um deboche para tratar a empregada doméstica”, explica a Quanto Drama! a pesquisadora Leusa Araújo, que tem fornecido munição piauiense aos autores Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. “Tanto eu quanto a Izabel amamos a cultura nordestina, em sua riqueza e diversidade”, diz Miguez, que guarda no bolso alguns termos nordestinos para temperar a novela – como o mingau de puba, massa de mandioca típica, que Chayene aparece comendo na cena acima. “Mas no caso do linguajar específico do Piauí, recebemos muitas informações da pesquisa.”
Desde que começou o trabalho na novela, o livro de cabeceira de Leusa tem sido o Grande Enciclopédia Internacional do Piauiês, do jornalista Paulo José Cunha, que se dedica desde 1995 a retratar o “modus falandi” especialíssimo do piauiês. Entre outras fontes, é dali que tem saído a matéria-prima para frases cortantes da rainha do eletroforró e também para as falas de sua “personal colega” e conterrânea, a destrambelhada Socorro (Titina Medeiros).
Já “empreguete”, que caiu no gosto da audiência como nova gíria, é um termo que foi pescado no ar do Rio de Janeiro pelos autores – e deglutido e transformado de maneira muito interessante, note-se. “Não é um termo inventado por nós”, detalha Miguez. “Já tinha ouvido antes da novela, mas com um travo depreciativo, algo como ‘fulana tem cara de empreguete’.”
Fonte: Veja Online
Edição: Antonio Luis

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