O goleiro é acusado de ser o mandante da morte de Eliza Samudio
Foto: Cristiano Trad/O Tempo/Futura Press
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O advogado do ex-goleiro do Flamengo Bruno deverá ir até o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar obter a liberdade de seu cliente, que é acusado de ser o mandante da morte da modelo Eliza Samudio. Rui Caldas Pimenta revelou que deve manter a tese de que Eliza foi morta pelo amigo de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, que o teria "traído".
Rui Caldas Pimenta disse ao Terra que acredita na concessão do habeas corpus pelos ministros do STF por entender que o goleiro está preso há dois anos sem sustentação jurídica. "O Bruno nunca desejou a morte daquela moça. Ele foi traído pelo dileto amigo dele, o Macarrão", afirmou, detalhando em seguida o suposto motivo do crime.
"O Bruno sempre quis ter um filho homem. No casamento dele (com a ex-mulher Dayanne Souza, também acusada de participação no crime) ele teve duas filhas. Quando ele se envolveu com a Eliza, ele ficou atordoado, tanto é que houve até aquele episódio do abortivo, que ele reconheceu e foi condenado por isso (a quatro anos e seis meses pela Justiça do RJ)", explicou.
"Acontece que Deus escreve certo por linhas tortas. Quando o Bruninho nasceu, o Bruno chorou igual criança quando ficou sabendo que era um menino. Só que o Macarrão, que era o braço-direito dele, quando viu que o Bruno se pegou de amor pelo menino, pensou imediatamente: de gerente vou passar a faxineiro, o Bruno vai me dispensar", afirmou.
"Então o Macarrão traiu por ciúmes e por interesse financeiro. O Macarrão fez sacanagem com ele, porque se ele gostasse mesmo do Bruno, tanto é que colocou aquele outdoor nas costas (tatuagem), que ele então ajudasse ao Bruno, mas o que o danado do Macarrão deixou ele foi numa fria", alegou. Para Rui Pimenta, Bruno nunca teria determinado que Macarrão matasse Eliza, como concluiu a polícia e acatou a Justiça. "O Bruno deu R$ 30 mil e mandou Macarrão levar ela e o filho para a rodoviária. E o Macarrão não levou. O Bruno só foi saber desse crime depois que a polícia chegou para prendê-lo no Rio de Janeiro, tanto é que naquela gravação (feita por um policial e exibida pelo programa Fantástico, da Rede Globo) o Bruno disse que não tinha mais confiança nele (Macarrão)", falou.
Para reforçar a tese de culpa somente de Macarrão e também para demonstrar o suposto carinho de Bruno para com o filho de Eliza, Pimenta fez referência à suposta semelhança do menino Bruninho com o goleiro: "O Bruno não discute isso, ele só fala que 'se Deus mandou, é meu, não vou querer provas, não tem jeito de contestar'", disse o advogado, que completou: "o menino é igualzinho a ele", afirmou.
O advogado Leonardo Diniz, que defende Macarrão, foi procurado e disse que vai se pronunciar somente após ter conhecimento das declarações de Rui Pimenta.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.
Fonte: Portal Terra
Edição: Antonio Luis
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