sábado, 16 de julho de 2011

Destroços do avião caído são periciados para elucidar motivos do acidente

Recife e Brasília — São muitas as peças que formam o quebra-cabeça para solucionar um dos maiores acidentes aéreos de Pernambuco nos últimos 21 anos. A investigação da tragédia que matou 16 pessoas (2 tripulantes e 14 passageiros) na última quarta-feira é minuciosa. Ontem, a empresa General Electric (GE), responsável pela manutenção do avião LET 410 da companhia Noar, feita no último fim de semana, informou que vai liberar os funcionários que participaram da revisão para prestar esclarecimentos. Os mecânicos são da República Tcheca, país onde o avião foi fabricado, e virão ao Brasil informar o que fizeram nas turbinas da aeronave.

Segundo o delegado Guilherme Mesquita, testemunhas afirmam que uma das turbinas do bimotor sofreu pane. “Tudo indica que o avião parou de funcionar e caiu”, declarou o delegado responsável pelas investigações do caso. É ele quem vai indiciar possíveis culpados pelo acidente. Hoje à tarde, devem começar a ser tomados os depoimentos oficiais na Polícia Civil. Os primeiros a serem ouvidos são funcionários do Setor de Operações da Noar.

De acordo com Guilherme, os dois pilotos cumpriram todos os procedimentos exigidos para uma “boa aviação”. Apesar de ressaltar que as hipóteses e as responsabilidades permanecem indefinidas, Mesquita acredita que o acidente foi causado por uma falha técnica. Ele chegou à suspeita de que o avião perdeu um dos motores após ouvir relatos de pessoas que viram a trajetória percorrida pelo bimotor antes de ele se chocar contra o solo. “Pela dinâmica com a qual o avião se comportou, pela análise do local do acidente, chegamos a essa hipótese”, disse.

Além das investigações civis, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), com sede em Brasília (DF), trabalha no caso. O presidente da Comissão de Investigação do Cenipa, Coronel Fernando Camargo, informou que a coleta de materiais foi encerrada ontem. Foram recolhidos dois motores, conjuntos de hélices, um painel de alarmes, duas caixas-pretas, interruptores e alavancas da aeronave. O terreno baldio virou local de visitação na capital pernambucana. Cerca de 500 pessoas foram ontem até o ponto onde houve a queda da aeronave. Algumas depositaram flores em homenagem às vítimas.

As duas caixas-pretas devem chegar à sede do Cenipa no próximo fim de semana. A expectativa, agora, é para que as gravações não tenham sido danificadas pela explosão. Como as máquinas são da República Tcheca, o coronel Fernando Camargo acredita que haverá dificuldades para desmontá-las no Brasil. “Esses motores exigem um equipamento específico para serem abertos.

Primeiro, vamos levá-los para o Cenipa. Caso não seja possível abrir o equipamento, é muito provável que os motores sejam levados para oficinas no exterior”, declarou. Com isso, o prazo para as investigações da Aeronáutica será estendido. Espera-se que o caso seja concluído dentro de um ano.

Sondagem
Aproveitando o agora único avião da Noar no Brasil parado no hangar, técnicos Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) averiguaram, ontem, o estado dele, que é do mesmo modelo da aeronave acidentada. Os dois bimotores foram comprados há um ano, por cerca de R$ 6,3 milhões, da fábrica Aircraft Industries. “Como o avião é diferente dos que estamos acostumados no Brasil, aproveitamos para fazer uma familizarização com o painel de instrumento e com as alavancas de comando”, justificou o coronel Fernando Camargo, do Cenipa.

Fonte: Correio Braziliense
Edição: Antonio Luis

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